quarta-feira, 18 de junho de 2008

Navio Gil Eannes-The Mother Ship of the White Fleet



Quis contar neste meu blogue um pouco da História deste navio fantástico, mas depois de ter feito um artigo para o colocar aqui encontrei um relato na primeira pessoa de quem como ninguém conheceu o Gil Eannes..assim é um privilégio partilhar com todos neste PONTO DE ENCONTRO o relato do Comandante Mário C. F. Esteves.

".....Ao ser-me solicitado, inesperadamente, que fizesse uma pequena resenha histórica do N/m “Gil Eannes” e explicasse sem grandes pormenores o que foi a actividade deste navio no período compreendido entre os anos de 1955 e 1971 durante o qual fui seu Comandante em doze anos consecutivos, confesso que fiquei perplexo pensando qual o facto, ou factos, que estivessem mais especialmente gravados na minha memória. A escolha não foi fácil mas, entre outros, há dois aspectos que me parecem dignos de uma primeiríssima abordagem. O primeiro é, sem dúvida, a magnífica assistência, multifacetada, que se exercia a favor de todos aqueles que tinham necessidade de recorrer aos serviços do navio apoio; o segundo, o carácter internacional e totalmente gratuito da assistência prestada a navios e tripulações de navios estrangeiros.
Efectivamente será muito difícil encontrarmos uma assistência onde o doente goze de uma situação tão vantajosa pois, além de receber os cuidados permanentes que a sua saúde necessitava, se se tratasse de um pescador de um navio de pesca à linha, ainda recebia como pagamento, durante todo o período da sua doença, a média da totalidade do bacalhau pescado pelos restantes pescadores do navio a que pertencia. Para os menos conhecedores do assunto esclareço que num navio de pesca à linha, contrariamente ao que se verificava nos navios de arrasto, todos os pescadores recebiam de acordo com as capturas que fizessem durante o período da pesca o que, consequentemente, se o problema não estivesse cuidado e humanamente tratado, significava que um pescador que tivesse a infelicidade de passar a maior parte do seu tempo internado no N/m “Gil Eannes”, chegaria a Portugal mais pobre do que quando tinha partido para a campanha e, nesse caso, com que proventos é que ele faria face às necessidades económicas da sua Família durante o Inverno?
O segundo destaque, que me parece justo realçar, é o facto de exactamente os mesmos cuidados humanitários, serem gratuitamente dispensados aos pescadores e demais tripulantes de qualquer navio, de qualquer das nacionalidades que pescavam nos mares da Terra Nova e Groenlândia fossem eles, espanhóis, franceses, italianos, alemães, russos, ingleses ou das Ilhas Faroé! É evidente, que a estes não era paga qualquer indemnização por pesca perdida.
Creio que, os dois destaques apontados foram, sem dúvida, os mais marcantes da história das actividades do N/m “Gil Eannes” não só no período sobre o qual me foi pedido este apontamento mas, durante toda a sua existência.
Com efeito, o N/m “Gil Eannes” que fora criado predominantemente como o navio apoio da frota bacalhoeira, com uma vertente muito forte virada para o campo da saúde, durante o período de defeso também foi muitas vezes utilizado na salvaguarda dos sagrados interesses da Nação, e não só, quer como transportador de bananas ajudando muito eficazmente a resolver os graves problemas dos bananeiros de Angola quer como navio transporte de peixe congelado capturado por pescadores portugueses nos mares da África do Sul. Nesta região também o N/m “Gil Eannes” desempenhou um magnífico papel de embaixador e representante da Nação Lusíada.
Após os apontamentos anteriores, façamos então uma breve introdução histórica do N/m “Gil Eannes” desde o seu aparecimento na Marinha Portuguesa. Este N/m “Gil Eannes” dos nossos dias, é o segundo da sua geração. Foi lançado ao mar, ou melhor, foi posto a flutuar no dia 19 de Março de 1955 nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo tendo sido ordenada a sua construção, pelo Grémio de Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau. Esta unidade veio substituir um antigo cargueiro a vapor, alemão, construído em 1914, que ficara retido num porto nacional logo no princípio da sua existência devido ao conflito mundial e que, dois anos mais tarde, devido à declaração de guerra da Alemanha a Portugal, foi apresado e sofreu substituição de bandeira. Esse navio, denominado ”Lahneck”, passou então a chamar-se “Gil Eannes” e ficou sob a jurisdição da Marinha de Guerra Portuguesa. Este primeiro navio a vapor Gil Eannes, fez a sua primeira assistência aos navios de pesca nos mares da Terra Nova no ano de 1927 totalmente equipado e tripulado pelos nossos distintos Oficiais e Marinheiros da Marinha de Guerra. Esta situação manteve-se até ao ano de 1942 em que transitou para a jurisdição da Marinha Mercante sendo o seu primeiro Comandante o Sr. Capitão Cândido da Silva devidamente acreditado para o efeito pela Sociedade Nacional dos Armadores do Bacalhau.
Manteve-se este primeiro Gil Eannes ao serviço da frota de pesca, desempenhando as suas funções com inúmeras dificuldades devido às suas limitações e ao muito que lhe era solicitado, até ao ano de 1954, ano em que pela última vez prestou assistência aos navios de pesca. Era nessa altura seu comandante o Capitão João Pereira Ramalheira que, em 1945, tinha substituído o Comandante Cândido da Silva. A nova unidade, que entrou ao serviço em 1955, herdou do seu antecessor não só o espírito mas também o nome de Gil Eannes, o comandante e o sino de proa que suponho ainda lá existir.
Começou então, nessa longínqua primavera de 55, a vida do N/m “Gil Eannes” dos nossos dias, construído propositadamente para a assistência e apoio à frota da pesca do bacalhau e que, por assim ser, estava muito razoavelmente equipado para bem desempenhar as funções a que era destinado. Durante o período de 1955/1958 foi comandando pelo Sr. Capitão João Ramalheira (habitualmente conhecido por razões que desconheço por Comandante Vitorino Ramalheira) e, em 1959 assumiu o comando o Capitão Mário C. Fernandes Esteves que nessa função se manteve até ao ano de 1971 data em que, a seu pedido, foi substituído pelo Sr. Comandante António Papão Chinita.
Durante o período de 1959/1971, que vivi muito intensamente e do qual muito me orgulho, posso afirmar que o N/m “Gil Eannes” fez tudo o que era possível fazer-se em benefício da Economia Nacional, em benefício dos Armadores da Pesca do Bacalhau e, finalmente mas não menos importante, em benefício dos nossos navios da frota da pesca do bacalhau e, muito especialmente, das suas tripulações. Pode dizer-se que, nessa época, o N/m “Gil Eannes” era o suporte de toda a frota nos seus mais variados aspectos desempenhando simultaneamente funções de "Embaixador" representante dos portugueses e de Portugal em diversas regiões do globo e em locais tão distantes como o são a Groenlândia e a África do Sul por exemplo como anteriormente tive oportunidade de citar.
Em benefício directo da frota do bacalhau e dos seus navios e tripulações, o N/m “Gil Eannes” desempenhava funções de:
Navio Hospital
Navio Capitania
Navio Correio
Navio Abastecedor de Mantimentos
Navio Abastecedor de Redes e Diversos Materiais de Pesca
Navio Abastecedor de Combustível
Navio Abastecedor de Água
Navio Abastecedor de Isco para a Pesca
Navio Rebocador
Navio Quebra Gelos
Conforme disse ao princípio deste apontamento, a acção do N/m “Gil Eannes” também se fazia notar de uma maneira bem acentuada no campo das relações públicas e de, enaltecimento não só das obras, mas também do nome de Portugal. Dentro de muitas e variadas acções, algumas das quais já, naturalmente, se me varreram da memoria, ainda recordo muito vivamente as seguintes: recepção no porto de St. John's aos representantes de todas as Nações que faziam parte da Icnaf (International Comittee Northwest Atlantic Fisheries); recepção oferecida pelo Sr. Embaixador de Portugal em Ottawa, em St. John's, ao Ex.mo Governador e demais Autoridades da Terra Nova, na altura da oferta da estátua do navegador Gaspar Corte Real, pelo Governo Português, ao Governo da Terra Nova; recepção no N/m “Gil Eannes” a Sir Humphrey Gilbert em preito de gratidão e homenagem aos trabalhadores portugueses na Terra Nova, devido a um antigo Capitão pescador português, ter salvo um seu antepassado, em décimo grau em linha directa, que andava perdido sem água, nos mares da Terra Nova; visita do N/m “Gil Eannes” no fim da sua época de serviço na Groenlândia, ao porto de Gronnedal onde se encontrava instalada a base da Nato, no Noroeste do Atlântico e, onde eram considerados dias de especial convívio os dois dias de permanência do N/m “Gil Eannes” no porto; visita anual, por cortesia, do N/m “Gil Eannes” ao porto de Godthaab - capital da Groenlândia - a fim de homenagear e receber a bordo, não só as autoridades mais representativas da província, como as pessoas mais importantes da terra e, especialmente o corpo clínico do hospital local; facilidade do N/m “Gil Eannes” em pôr à disposição dos hospitais groenlandeses o corpo clínico do navio para ajudarem em algumas intervenções clínicas feitas em terra e a naturais da Groenlândia.
Foi ainda no N/m “Gil Eannes” que, por maiores ou menores espaços de tempo, embarcaram entre outros: o escritor Allain Villiers, que tornou o Lugre Argus mundialmente famoso, não só através do seu livro “The Quest of the Scooner Argus” como também através do seu artigo, publicado no National Geograhic Magazine “I Sailed With The Portuguese Brave Captains” o escritor alemão Max Stantze, que com uma equipa de filmagens e de som, realizou um documentário para o Departamento de Pescas do Governo Alemão; o artista fotográficoLeonard McComb, que ao serviço da revista Life, foi tirar fotografias da actividade dos portugueses nos bancos da Terra Nova, para ilustrarem uma edição especial totalmente dedicada ao Mar e seus Trabalhadores; os cineastas holandeses Aanton e Bert van Munster que, com uma equipa de cinco elementos, estiveram a bordo do N/m “Gil Eannes” para fazer um documentário encomendado pelo National Geographic Magazine sobre a pesca dos portugueses na Terra Nova, e, muito especialmente, os navios de linha; o jornalista e escritor americano John Pickwick que, também para o National Geographic Magazine, foi escrever um artigo sobre a pesca dos portugueses para lançamento do documentário feito pelos irmãos van Munster; os artistas fotográficos Dante Vacchi e Anne Gauzes que foram colher material para publicação de um livro fotográfico sobre a pesca do bacalhau dos portugueses e que, acabou por não ser editado em Portugal porque algumas das nossas Autoridades não concordaram com o título "Pão Amargo" que os autores pretendiam dar à sua obra.
Muito já disse, e muitíssimo mais poderia ainda dizer mas, creio, que já vai sendo tempo de terminar pois o relatado deverá ser mais do que suficiente para demonstrar o que pretendi dizer, ao afirmar que o N/m “Gil Eannes” honrava permanentemente o nome de Portugal e, muito especialmente, os seus Marinheiros.
A partir dos fins de 1963, por dificuldades económicas para a exploração do navio, foi permitido ao N/m “Gil Eannes” - por decreto publicado no Diário do Governo - fazer viagens de comércio como navio frigorifico e de passageiros, entre as campanhas de pesca. No decorrer dessas viagens para angariação de fundos para suporte da unidade o navio visitou, em anos consecutivos, vários portos tais como; Luanda e Lobito para transporte de passageiros nas ida para Sul e transporte de bananas na viagem para o Norte; Cape Town na África do Sul para transporte de peixe congelado pescado na região por arrastões portugueses; Aalesund, na Noruega, para transporte de isco congelado para a frota de pesca e bacalhau seco para o mercado nacional; Bridgetown, no Canadá, para carregar comida congelada para mink (animal também conhecido como vison) que foi descarregada no porto de Hals na Dinamarca; Prince Edward Island, no Canadá, onde carregamos batatas e legumes congelados, destinados ao porto de Grimsby na Grã-Bretanha; Alicante, na Espanha, para descarga de bacalhau em barricas, carregado na Terra Nova; Harbour Grace; Catalina; North Sydney, etc., etc., foram outros portos demandados pelo N/m “Gil Eannes” apenas em operações de comércio marítimo mas, apesar disso, em cada um deles, pelos convites que fazíamos e pelas recepções dadas a bordo, não só aos Agentes, mas também às autoridades e aos principais das diversas terras, deixávamos altamente colocado o nome de Portugal e bem explicada qual a nossa função principal no Mar. Das estadias em serviço no Lobito e em Cape Town tenho recordações muito especiais pela admiração que o navio causou e por todas as inúmeras provas de gentileza com que fomos distinguidos e que, oportunamente, transmiti a quem de direito.
Era tanto o prestígio que o N/m “Gil Eannes” gozava nos portos da Terra Nova e, em especial, no porto de St. John's que nos era atribuído um estatuto muito especial de que, mais nenhum navio gozava.
Assim, em emergência, ao serviço da frota era-nos permitido sair do porto de St. John's sem tratar de qualquer documentação para a saída e regresso ao cais de partida - que entretanto ficara reservado - sem qualquer documentação de entrada a não ser dois simples telefonemas para o Capitão do porto e para a Alfândega. Ainda nesse porto, apenas ao N/m “Gil Eannes” era permitido trocar material directamente com qualquer navio de pesca português sem a mínima interferência ou fiscalização das autoridades alfandegárias que, naturalmente, recebiam a nossa comunicação prévia do que pretendíamos fazer e quando.
Se estas atitudes, que sabia nunca terem sido concedidas a outro qualquer navio, não representavam prestígio e motivo de orgulho então não sei o que essas palavras significam.

Em linhas muito gerais creio ter deixado uma clara ideia de qual foi a actividade do navio apoio N/m “Gil Eannes” - ou como os canadianos chamavam "The Mother Ship of the White Fleet" - durante o período de 1959 a 1971 conforme me tinha sido solicitado. Em suma, por todas as acções realizadas, em prol de todos, este N/m “Gil Eannes” é único no Mundo!......"


segunda-feira, 16 de junho de 2008

O assalto ao navio Santa Maria filmado pelo Francisco Manso no navio hospital Gil Eanes

Pasodoble de Ponteareas no Palacio de Buckingham

Ponteareanos impantes de orgulho ao ver o seu Pasodoble ser tocado em Londres no render da Guarda Real.... e eu e eu.
Nunca Reveriano Soutullo imaginaria tal coisa.....


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Poesias de Fernando Pessoa...e afins...IV


Já não me importo

Até com o que amo ou creio amar.

Sou um navio que chegou a um porto

E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta

Do que quis ou achei.

Cheguei da festa

Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente

A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente

Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar

Que, sem o poder ver,

Sei que é sem ar

De olhar a valer.

E só me não cansa

O que a brisa me traz

De súbita mudança

No que nada me faz.

Fernando Pessoa

Poesias de Fernando Pessoa e afins...III


O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

Essas coisas todas -

Essas e o que faz falta nelas eternamente -;

Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada -

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço.

Íssimo, íssimo. íssimo,Cansaço...

Álvaro de Campos

Poesias de Fernando Pessoa e afins...II


Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm

E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro

Poesias de Fernando Pessoa e afins...



Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro

Parabéns a você..........Fernando Pessoa


Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma. Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.
Morreu de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nascera, tendo sua última frase sido escrita na língua inglesa, com toda a simplicidade que a liberdade poética sempre lhe concedeu: "I know not what tomorrow will bring... " ("Eu não sei o que o amanhã trará").

Fonte:Wipipédia

sábado, 31 de maio de 2008

O Menino Azul


O menino azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

Cecília Meireles

Dia Mundial da Criança-Sem palavras.


Dia Nacional do Pescador


Sou pescador...

Aventureiro das ondas

Sou pescador...

Nas minhas viagens longas.

O trabalho desperta

A minha infância já acabou

Não sei, se na altura certa

Mas foi o que a vida me brindou.

Histórias por contar

No mar alto vividas

Sustos e alegrias por recordar

Têm estas nobres vidas.

Mãos queimadas do tempo

Cara envelhecida

Sinais da chuva e do vento

Memória aquecida.

De velha traineira

Parto para a aventura

Na busca do alimento

Nesta vida dura.

Sou pescador...

P.A. Ramos

Diário de Bordo-Hilariante

Alguns meses atrás recebi um convite do meu amigo Cmdt João Beiga, "temos de ir á Galiza em Maio, vamos lá mamar uns mexilhones e umas canhas à conta daqueles gajos, e até fazem uma regata em nossa honra", eu disse logo, "se é para mamar à conta dos nuestros hermanos, conta comigo, a regata logo se vê".É claro que eu nunca iria perder um evento das "Organizações Beiga, SA ", é um desenrolar de emoções fortes, overdoses de adrenalina, a própria ABJSE-Associação de Bundjee Jumping Sem Elástico, tem-se vindo a queixar de que os eventos desta entidade fornecem aos participantes adrenalina em doses superiores ao permitido por Lei.
Aveiro 30 de Abril de 2008 19h 03m horas, chega o Cmdt Beiga com 3 minutos de atraso, com o carro cheio de Mouros, toca a entrar para a camineta, temos de ir para Espanha.-Entrem que eu não vou, depois vou lá ter, não se preocupem.(como se nós estivessemos preocupados com ele)"Ó Beiga, se eu e o Julio vamos dormir ao barco precisamos da chave"-Pois, esqueci-me, mas fizeste bem em lembrar, vão andando que eu ainda chego lá primeiro que vocês e levo a chave.
Porra do Caraminhal 01 de Maio de 2008O dia acorda bonito, vou beber um café ao clube náutico, foda-se 90 centimos e não valia um coiso das Caldas.Chega o nosso Cmdt Beiga, colega de curso do não menos famoso Basco Moscoso de Aragão (Capitão de Longo Curso), acompanhado da sua esposa."Ó Beiga, os documentos do barco?"-Épá, os mouros são uns chatos, lembra-me que tenho que tos dár.E lá fomos nós, mamar uns bocadillos, unas canhas, uns copitos de viño rojo, de seguida embarcámos numa camioneta e fomos passear por aquela terra que um dia foi nossa, no fundo fomos matar saudades.Acabámos o dia a mamar perdidamente (como no poema da Floribela Espanca), é claro que foi á conta dos nuestros hermanos.

02 de Maio de 2008 - Da Porra do Caraminhal até Bigo O Cmdt Beiga não veio no navio, o Cmdt Moscoso que estava de reserva tambem não apareceu, logo eu e o Julio tivemos de nos fazer ao mar por nossa conta e risco. Não fossem os golfinhos que apareceram ao fim da tarde e a viagem teria sido uma monotonia pegada.Mas à chegada lá estava o nosso Cmdt Beiga, ele e uma feijoada de samos, para o almoço do dia seguinte, e mais uma vez lá fomos mamar à conta dos outros, mejillones al vapor, bocadillos, tortillas de patata, canhas, claritas e pulpo.Como não havia café a nossa "Amiga Atlantica", (link para o seu blog ) ( http://unamiradaalariadevigo.blogspot.com/) ofereceu-se e insistiu para nos levar a um café ao centro de Bigo, largou-nos mais ou menos á porta de um café semi-aberto ou fechado, e disse em galego uma coisa que eu não percebi, mas o Cmdt Toni Pardal Sepikingue, imediatamente traduziu assustado: "ela vai-se embora, vai buscar o Pipo ao clube e diz que para voltarmos á marina é pelo caminho que viemos, só que a pé, se nos perdermos, basta seguirmos o musica na Marina e vamos lá ter". "Vai-se embora uma mierda, para já é longe pa carialho, depois se os gajos desligam a musica tamos fornicados, que se lixe o café, vamos é outra vez com ela".Lá a convenci a esperar 5 minutos e nós bebemos um café, 1 Euro, foda-se mais uma vez e não valia outro caralho, se estivesse aqui uma tia minha, a gorda atrás do balcão levava com o café no focinho até tirar uma bica.
03 de Maio de 2008 De Bigo até á Póvoa de Varzim (Portugal)O Cmdt Beiga reassume o comando do navio NBB Béronique, desta vez sim, a viagem prometia, mais não fosse pela famosa feijoada.E lá iamos nós rumo ao mar, quando os nuestros hermanos se lembram de fechar a torneira do vento, o Cmdt Pardal Sepikingue, farto destas merdas, avisa logo pelo rádio, que vai fazer uma corrida a motor, O Cmdt Licas não o deixa fugir e vai logo atrás dele.No NBB Béronique vamos a votos, as opções são de ir a motor ou esperar por vento, resultados: um voto a motor e duas abstenções, foi o unico caso em que as abstenções ganharam a um voto a favor e ficámos na mesma.
Ena pá, ukéke vem lá?
1200 - Vamos almoçar , temos uma feijoada de samos.Mas, como não há bela sem senão o Beiga dá o alarme:"Ópá, não há gás"(já eu estava a notar que faltava qualquer coisa nesta viagem, a navegar á práticamente 2 horas e ainda não tinha acontecido nada, era no minimo estranho).Julio - "Ó Beiga vê lá se é a torneira de segurança que tá fechada"Je - "Ó Julio, qual torneira, ele tá a abanar as duas bilhas, deve tar a querer aproveitar o gás que tá coalhado, em ultimo caso mete-se a feijoada ao sol, pode ser que aqueça".Afinal parece que há gás, mas soa novamento o alarme "não há fósforos",por sorte o Julio tinha um isqueiro e lá se aqueceu a feijoada e 2 dedos do Beiga a tentar acender o fogão.
1230 - Soa novamente o alarme mas desta vez via VHF, "o pessoal tá a levar porrada no Sileiro", nós estavamos nas Cies sem vento, mas no momento em que o Julio mete o ultimo feijão á goela, começamos a levar com tudo em cima, deu para tudo, viragens de bordo, cambadelas, trambolhões dentro da cabine, etc.
Islas Cies
E prafazeando o nosso colega Cmdt Pardal Sepikingue, começámos a levar com 30 nozes de vento, todas de uma vez no focinho e foi mesmo muita fruto seco, "baixa pano á proa, mete motor e vamos mas é para a nossa terra, querias vento, agora toma lá".E lá foi o NBB Béronique, no meio da borrasca aos pulos que nem um macaco, fico eu e o Julio no poço, o nosso Cmdt Beiga confia em nós e vai dormir, e eu comento com o Julio, "como é que aquele gajo consegue ir dormir com esta merda aos pulos, mas pronto ele lá sabe".O que vale é que este pessoal lá dos lados de ABeiro, habituados a estas andanças pelo grande Mar Oceano do Norte (ainda os hei-de ver no Mar da Palha), ia-se mantendo informado: Não se recolhe a Baiona, andar 5 para trás ou 10 prá frente, segue-se prá frente, em La guardia tá melhor, seguimos até Viana, em Viana tá bom, vamos prá Póvoa.E efectivamente pra lá da fronteira as condições eram outras, mais prós lados de Montedor encontrámos condições para jantar, metemos o "preto" (cor do piloto automático) ao leme e recolhemos á cabine.Jantamos o resto da famosa feijoada (parabens á cozinheira Marieke) e entretanto anoitecia e passávamos a barreira psicológica das 10 milhas, comunico a nossa posição ao Cmdt Pardal Sepikingue (deve ser o nome completo dele, cada vez que vinha ao rádio dizia: "olá Mouro, aqui Pardal Sepikingue"), e digo "espera por mim que tens de me levar para Abeiro".Mas passados uns minutos, a 7,5 milhas da Póvoa, o Cmdt Beiga dá novamente o alarme "temos de ir á vela", eu nem digo porquê, quem quizer que adivinhe.Comunicamos ao Pardal que vamos velejar um bocadinho, a noite tá boa e vamos aproveitar a estadia aqui no meio do mar.Passadas 2 horas, já era estadia a mais e vela a menos, pelo que pedimos ao Cmdt Berna do "Tibariaf II", que viesse ter connosco para falarmos um bocadinho e já agora trazer uns litritos de gasoleo, não fosse o nosso acabar por acaso, o Berna gostou da ideia e 30 minutos depois tava á nossa beira e seguimos viagem juntos.Entretanto o Cmdt Pardal Sepikingue dava uns conselhos por rádio "se por acaso vos faltar o gasóleo, metam do Alvarinho no depósito, se o motor for como o dono, queima tudo". Entrámos na barra da Póvoa por volta das 2 da matina com o Chico Albino e a Isabel á nossa espreita assim como um respeitoso comité de boas vindas.Mais uma vez o NBB Béronique foi a embarcação mais famosa em prova, vá-se lá saber porquê.

Fado também é Poesia

Berlengas 2008


Hoje, sábado 31 de Maio de 2008 deu-se a largada das embarcações aveirenses que vão participar em mais um Cruzeiro Berlengas 2008...nela alinhou também o mais lindo veleiro do Universo quiçá de Aveiro...ehehheheh..Boa Viagem e Bom Regresso.

Fotos dos tapetes de flores -Ponteareas 2008












Como prometido aos visitantes deste PONTO DE ENCONTRO aqui está a minha reportagem fotográfica dos tapetes de flores naturais da minha Ponteareas nas festas de CORPUS CHRISTI.
Reportagem pobrezinha pois sou uma nulidade com a máquina ...eheheehhe...também quis mostrar a parceria que todos os anos a cidade de OROTAVA em Tenerife faz com Ponteareas, nos seus tapetes OROTAVA usa flores naturais e terra de mil cores tiradas do vulcão TEIDE.




quinta-feira, 29 de maio de 2008

Assim vai o Mundo-Dia Internacional das Forças de Paz da ONU


Sem palavras....

Entrevista a Maria Lado -poetisa galega


Ola María Lado; esta entrevista é unha iniciativa cultural que parte de homes e mulleres, que compartimos administrar blogues escritos en idiomas diversos, e que formamos parte do espazo da cultura marítima na blogosfera. Ademáis somos afeccionadas e afeccionados á poesía, sendo o teu poemario Berlín unha lectura compartida por todas e todos nós.


El mar és el camí: He vist alguns video-clips amb els teus poemes, i el mateix “Berlín” forma part d’una obra més àmplia, que combina poesia, la música de “Fanny+Alexander” i la teva pròpia interpretació dels poemes. Vas escriure “Berlín” pensant ja en donar-li aquesta dimensió “multimèdia”?
María Lado: Nun principio a escritura de berlín tratábase só de escribir unha serie de poemas, sen máis dimensión que esa. De feito berlín foi un libro feito por encarga para a colección Poeta en Compostela que promovía a AELG, o Concello de Santiago e o xornal Correo Gallego. De modo que nun principio só pretendía ser un libro en papel do máis tradicional. O feito de que despois se convertira nun poemario publicado en rede (a primeria publicación en rede foi na sección Letras de Balde de Arredemo) e máis tarde gañara esa dimensión de spoken word da man de Fanny e Alexander (a quen llo agaradecerei enorme toda a vida, pois foi inciativa deles) foi posterior. Non foi algo que planificara dende o principio. Aínda que si que é certo que teño ese interese en darlle á poesía máis dimensións que a escrita. Esa concepción da obra literaria que traspasa xéneros interésame moito.
El mar és el camí: Tu vas néixer i vas créixer a la Costa da Morte, prop de Fisterra; un lloc on la presència del mar es fa sentir en tot moment. Quina influència té, el mar, en la teva obra? I com és la teva relació personal amb el mar? També el portes “aniñado no peito”, com la Genoveva d’un dels teus poemes?
María Lado: Malia que isto pareza un tópico, creo que o mar é algo que marca muito á xente que somos da costa, xa que é un elemento moi potente, algo cunha presencia moi evidente. Para min o mar leva toda a vida aí, forma parte das miñas paisaxes, tanto reais como sentimentais, e por iso é moi recurrente no que escribo, xa que tamén é moi recurrente na miña vida. A miña relación co mar é de fascinación e mesmo necesidade. Fáiseme moi difícil vivir sen el. Pode ser que tamén o leve aniñado no peito como Genoveva :)


Una Mirada a la Ría de Vigo: Los distintos océanos y mares son diferentes; unos más cálidos, otros más fríos, unos con más sal, otros más densos, así la vida que en ellos se desarrolla también es diferente, su color es diferente, su luz es diferente, su olor es diferente, hasta el sabor de su pescado, de su marisco es diferente. ¿Has percibido esa diferencia del Atlántico respecto de otros mares y océanos?
María Lado: Teño a sensación, pero só é unha vaga impresión, de que pode haber unha diferencia -tamén plasmada na literatura, no modo en que se expresa literariamente,- entre océanos como o Atlántico das terras do norte e mares como o Mediterraneo, que , ao meu ver, transmiten unha idea diferente, unha imaxe distinta. Pero isto, xa digo, é algo que só presinto. O que si creo que hai son diferentes maneiras e visións, á hora de achegarse ao mar. Cousas que dependen máis das persoas, do enfoque, das intencións... que do mar en si.
Una Mirada a la Ría de Vigo: ¿Qué tiene de personal e identificativo el Atlántico, por tanto que no tengan otros mares u océanos, para que hayas encontrado allí tu inspiración?
María Lado: Para min o Atlántico é o meu océano, quero dicir que é co que teño trato e o que coñezo, así que iso é o que o fai persoal e identificativo para min, pois forma parte do meu imaxinario íntimo.


Ponto de Encontro: Para escrever uma obra como Berlim não basta só ter inspiração, tem de se ter um estado de alma, preenchido com saudade, melancolia, uma pitada de tristeza, enfim diz-me como foi escrever Berlim?
María Lado: Partindo da base de que foi escrito con moita constancia (pois xa digo que a obra foi un encargo que tiña un tempo de entrega e todo iso) si é certo que superado ese trámite tiven que facer queo proxecto fose meu, persoal e propio e moi afincado en min para poder escribila. De modo que adoptar un estado da alma -por conservar esa denominación que propós- era algo básicamente necesario. berlín é unha historia de amor inventado, algo xa precedido polo fracaso, e para escribilo adoptei tamén esa sensación que oscilaba entre a emoción do imaxinado, con moita tenrura, e unha tristeza na que desemboca todo. Nos meses que o escribín, que creo que foron dous, estiven metida nese ambiente continuamente. Pero sobre todo tiña a sensación de estar escribindo unha historia fermosa de final agridoce. É unha sensación moi bonita deixarse arrastrar así por un libro. Algo que parece un pouco enfermizo, si, pero moi gratificante.
Ponto de Encontro: Para se escrever um poema como Novembro tem de se ter uma relação com o Mar.diz-me, qual a tua relação com o mar e de que forma ele te inspira?
María Lado: Para min o mar é un elemento de forza impresionante que forma parte do meu entorno dende sempre. E dende sempre me inspira de maneiras diferentes; nel atopo imaxes de tránsito, de camiño, véxoo como fonte de vida e tamén animal famento... No caso de nove (que foi finalmente o título do libro onde está o poema novembro que mencionas) o mar gañou un matiz moi violento, moi animal, que se relaciona directamente co sentimento de pertenza a un lugar, o cal tampouco era un lugar moi apracible, senón todo o contrario. O mar é ademais o axente principal das cousas que ocorren no lugar, por iso ten ese carácter en todo o poemario e non outro.


El Observatorio de la Noé: Soy una convencida activista contra el canon por préstamo en las bibliotecas y eso es algo que reflejo en mi blog casi continuamente. Son muchos los creadores que se han manifestado en contra de esta normativa, es por ello que como autora y dado que tu obra es objeto de préstamo bibliotecario, quisiera que me respondieras a la siguiente pregunta: ¿Qué piensas sobre la Directiva 2006/115/CE sobre derechos de alquiler y préstamo, que fija un canon por cada préstamo público de libros y que se viene aplicando en España desde 2007?
María Lado: Eu creo firmemente que é bo que a cultura sexa de acceso libre e que ademais ese sistema é viable para que tanto autores como outros axentes da cultura poidan vivir dignamente se replantexamos a cousas .
Claro que no sistema actual hai cousas que os autores tampouco poden controlar. Se os meus libros son obxecto de préstamo é algo que eu non podo controlar, pois eu teño libros dos que non teño os dereitos e, doutra banda, non podo pretender saber a onde van todos e cada un dos meus libros. De calquera maneira paréceme unha inxustiza enorme, porque ademais creo que as bibliotecas públicas son un dos maiores tesouros da sociedade, representan en si o acceso libre á literatura. Pola miña banda, eu intento facer o que podo porque os meus libros e textos se poidan consultar libremente, fotocopiar, imprimir, citar... e todo iso sen que se teña que pagar por eles. Non pretendo vivir dos dereitos (así polas boas) do que escribo, senón do que escribo e do que recito.
El Observatorio de la Noé: He leído en alguna entrevista previa que te quejabas de la poca afición que, en general, la gente siente por la poesía. Tus palabras concretamente fueron: “…hay muy pocos lectores y muy pocas personas que asistan a los recitales y eso, me imagino, que en parte es culpa de los poetas.” ¿Por qué piensa que los propios poetas son los culpables de esta situación? ¿Cuál cree que es el mejor método para difundir, así como crear afición a la poesía?
María Lado: A idea que durante moitos anos houbo do poeta era unha imaxe moi marcada pola aureola de tipo inspirado de altura intelectual superior ao común dos mortais. Ou sexa, alguén difícil de entender (comentario co que aínda a día de hoxe me atopo) serio e bastante aburridiño, co seu libriño debaixo do brazo adormecendo ás masas. Tamén está a imaxe do poeta máis social, que –para desgracia dos poetas e da sociedade- vénche sendo un tipo máis cercano pero igual de brasas. Esa é a idea que a xente ten metida na cabeza de poeta. Ou, cando menos é a que eu atopo nos colexios e nos intitutos cando vou ler ou dar talleres e mesmo entre adultos, tamén. Iso é culpa principalmente do sistema educativo, non nos enganemos, que nos graba esa idea a lume na fronte. Pero tamén dalgúns poetas, que se distancian eles mesmos do público, que teñen cinco minutos para ler e len quince, que se agochan detrás do libro e largan os seus textos como quen reza e cousas moito peores que fan que a xente se bote a tremer cando escoita falar de poesía. Aínda así, eu son un pouco esaxerada; non todos os poetas (e isto é así en todos os tempos) son así. Moitos teñen unha imaxe cercana e viva da poesía a así o demostran. E hoxe en día é moita a xente que se ocupa de transmitir esa idea que, durante anos, subsistía un pouco nas marxes da poesía oficial.
Doutra banda a poesía ´é variada e adopta diversas formas e estilos, está en moitos máis sitios que nos poemas (está nas películas, nos videos musicais, na publicidade...) e a xente -e tamén os poetas- comezan a tomar conciencia desa diversificación, o que mata un pouco esa idea clásica de poeta.


Singradura da Relinga: A creación artística en xeral e a literaria en particular non se conciben senón é ligada á comunicación social. Neste sentido hai autores e autoras que seguen circunscribindo a súa acción as redes de distribución tradicionais a través de editoras e librarías.
Na sociedade actual existe outra rede de distrubución de contidos (internet) que non está en competecia coa tradicional, senón que mesmo a potencia establecendo relacións sinérxicas mutuamente proveitosas.
Hai consciencia sobre este fenómeno por parte das autoras e autores galegos e danse pasos cara o aproveitamento da rede a favor da literatura?
María Lado: Eu creo que esa consciencia é aínda moi pouca, quero dicir, que existe e que hai xente que traballa nesa liña, mesmo proxectos comunitarios e editoriais que se achegan a esas novas redes de transmisión. Pero creo que aínda é algo case anecdótico, que é moi pouca a xente que se anima a dar o salto á rede. E é algo que me estraña, e moito, sobre todo entre autores novos, que teñen na rede unha posibilidade incríble de facer chegar os seus textos aos lectores e practicamente non o aproveita ninguén. Non hai máis que ver unha plataforma como aregueifa para darse conta da cantidade de música que hai fronte a uns poucos libros. Sen embargo supoño que é algo que chegará co tempo. Polo de agora penso que a maior parte dos autores seguen precisando ter un libro de papel entre as mans. Tamén me sorprende atoparme con críticos que din iso, que os libros en internet non son libros para reseñar. Que é obra invisible. Iso é algo que me flipa e me parece simplemente unha pequena ignorancia.
Singradura da Relinga: Berlín é un poemario meritorio non só pola sinxeleza e profundidade da mensaxe, senón que nos parece tamén destacable porque a súa edición para a rede se enriquece coa fusión con otros creadores de ámbitos distintos á literatura; a música “indi” de Fanny+Alexander que están embarcados nun proxecto de contemporaneización da música galega, e na ilustración e o deseño nada menos que coa aportación do debuxante David Rubín.
Esta fusión converte a Berlín en algo cualitativamente distinto, porque a creación interdisciplinar ten unha enorme potencia comunicativa. Tes previsto impulsar máis proxectos das mesmas características?
María Lado: Se todo vai ben, en moi breve tempo sairá en papel e á maneira de toda a vida o poemario nove (do que antes falei) xa que foi gañador dun premio que contempla a edición. Falando co editor que sacará o libro (Fervenza) chegamos ao acordo de que terei liberdade para facer unha edición dixital que tal vez se retrase por cuestións de axenda propia (é que, simplemente, non dou feito :) pero que estará dispoñible nos mesmo termos de descarga que berlín. Non teño aínda pechado todo o que será nove, aínda que me gustaría que fose algo semellante, un proxecto onde se engloban varias expresións.


Beliscos Pequenos: A túa obra é moi persoal, ou iso é o que semella tras varias lecturas. No caso que nos ocupa, Berlín, todo o que expresas está baseado en vivencias reais ou a poesía sempre axuda a construír outros universos?
María Lado: En berlín hai pouco de experiencia persoal cando menos así á vista. Para construír os poemas o que adoito facer é situar unha pequena amarra coa realidade, un vínculo a min ou a algo que recoñezo que se vai cubrindo e transformando a medida que o poema avanza e se vai convertindo en literatura. A poesía, e a literatura en xeral, son métodos marabillosos para construír outros universos. e ás veces para contruír este, tamén.
Beliscos Pequenos: Utilizaches durante moito tempo a rede para comunicarte cos teus amigos, lectores e expoñer a túa obra. Dende decembro do ano pasado non actualizas o blogue, que foi o que che levou a tomar esta decisión cando agora outros autores están utilizando a rede para o mesmo que a utilizaches ti?
María Lado: Pois non foi algo planificado. Agora volvín retomar o blog, hai só uns días, pero botei uns meses sen facer nada porque o fun deixando deixando -por outras presións da vida que me restaban tempo-, e así quedou. Non me gusta ter tampouco unha relación de obligación co blog e por veces tiña esa sensación, de modo que deixeino uns meses e, ao comprobar que non pasaba nada (que o mundo non deixaba de rodar nin o ceo se desplomaba sobre as nosas cabezas) foi cando me vin con ánimo e tranquilidade suficiente para volver a el. Para min é unha maneira de forzarme a min mesma a escribir e de probar texos pequenos sen ningunha presión. Doutra banda é tamén un exercicio de comunicación co entorno, de compartir e intercambiar cos outros, ao tempo que vale para iso que todos chamamos autobombo: é dicir, para convocar polos teus propios medios á xente, sen facer carteis nin ter que agardar a que a prensa seria lle interese meter o teu recital, acto ou merenda na axenda do día.


HomesDePedraEnBarcosDePau: Como xa O_Fartura e Besbe che fan as súas preghuntas en galego , eu , aproveitando que recitas con Gheada e seseo, voume dar o ghusto de faser as miñas preghuntas tal e como falo, en ghallegho costeño, mariñeiro e muradán .
Escoitarche ler Berlín en ghallegho, ca doSe sonoridade que da o “noso seseo costeño”, faime sentir ben , e identificarme mais se cabe ca túa poesía. Pero en Sertos Sírculos , pareSe pecado expresarse co noso aSento.
Non tes medo de que os “deuses” da normativiSaSión lingGHüistica che condenen ó inferno do despreSio?
María Lado: :D a verdade é que o da gheada e o seseo foi unha determinación que tomei dende sempre, dende que empecei a escribir e ler coas xentes do Batallón Literario da Costa da Morte. Para min é honra e orgullo falar coma falo. Ler poesía así é unha maneira de dignificar trazos lingüísticos que están historicamente mal vistos e que, non nos enganemos, nalgúns círculos aínda se ven como algo entre o anecdótico e o pouco aconsellable para a expresión culta. O que si dubidei moito, especialmente a raíz de abrir o blog, foi sobre se debía grafalos ou non, tanto a gheada e o seseo como outros trazos lingüísticos ( como diptongos e terminacións verbais). Finalmente decidín que non, non sei moi ben porque, e ás veces arrepíntome un pouco porque son solucións que co tempo se perderán completamente e eu na fala oral emprégoas a cotío, sendo tamén parte da miña maneira de expresarme.
HomesDePedraEnBarcosDePau: “Quen me dera que todo na rede fose peixe”! Esa sería a maior ilusión para un mariñeiro. Pero por desghrasia non todo na rede é peixe , nin andar no mar é doado.
Naveghar no medio do oséano das verbas, a min, as veses, prodúseme serto mareo , por iso da falta de costume.
Tí que estas máis acostumada a andar neses mares, aínda che dan arcadas ó naveghar por eses caladoiros?
María Lado: Ás veces si, e non por outra cousa que pola cantidade de literatura que aínda me falta por ler....uf! Ás veces entro nas librerías e penso “dios...pero que inculta es mariquiña”.


Foi todo un pracer.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Pasion

Hoje segunda feira dia 26 de Maio, estou assim...Apeteceu-me ouvir um dos meus compositores portugueses favoritos...Rodrigo Leão.
Apeteceu-me também partilhar neste Ponto de Encontro...uma das maravilhas de que um Português é capaz de fazer quando está inspirado..Deliciem-se.
(Para quem não conheça...Rodrigo Leão foi em 1982 co-fundador dos Sétima Legião e em 1985, em conjunto com Pedro Ayres Magalhães e Gabriel Gomes cria os Madredeus.
Suspende temporariamente os Sétima Legião entre 1993 e 1996 devido ao sucesso crescente do seu primeiro álbum a solo e às múltiplas solicitações do seu tempo.
Abandona definitivamente os Madredeus em 1994 para se poder dedicar inteiramente à sua carreira a solo e às obras EP Mysterium, 1995 e o CD Theatrum (1996).
A solo começa a explorar a combinação das suas composições clássicas-modernas com formas de canção e instrumentação mais tradicional, com a presença de Lula Pena ou Adriana Calcanhotto, no CD Alma Mater e correspondente digressão. Entre os eleitos seus convidados constam ainda Sónia Tavares, Nuno Gonçalves dos The Gift e Rui Reininho dos GNR que participou na gravação do seu álbum ao vivo intitulado Passion. Quer o disco "Alma Mater" quer o próprio músico receberam dois importantes títulos de reconhecimento público, o de Disco do Ano e o de Artista do Ano.
Em 2004 editou Cinema e foi considerado pelo editor da revista americana Billboard um dos melhores discos editados nesse ano. Neste trabalho participaram Beth Gibbons e Ryuichi Sakamoto.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Corpus Christi na minha terra-Ponteareas

Está quase a chegar o meu fim de semana preferido do ano. Fim de semana na minha terra galega para assistir mais uma vez ao trabalho artístico dos tapetes de flores naturais pelas estradas da vila, com toda a população a ajudar..e a oportunidade de assistir a concertos onde cada ano mato as minhas "morriñas" (saudades) da música do compositor ponteareano Reveriano Soutullo..e claro o seu famoso Pasodoble de Ponteareas.
Este vídeo é para partilhar com todos os galegos por esse Mundo fora e são muitos- um cheirinho do que se vai passar.

domingo, 18 de maio de 2008

Dia das Letras Galegas-2008-Xosé María Álvarez Blázquez

No dia 17 de Maio -Dia das Letras Galegas-Xosé María Álvarez Blázquez foi o escritor escolhido para celebrar esta data , que os Galegos desde 1963 escolheram para homenagear os seus escritores já falecidos.
Da obra deste Galego ilustre retiro com entusiasmo este "Romance do Pescador peleriño"


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Para adoçar a boca com a poesia de Maria Lado


Así doe novembro. Así me doe nas maos apertadas contra ti. Doe como unha traxedia para un pobo ou o recordo dun membro fantasma. Doe porque non te das ido aínda que marcharas e non hai bálsamos para o baldeiro dun amputado. nin sequera doses xustificadas de codeína contestan as miñas mensaxes. Nunca preguntas. Por min. Nunca preguntas por min. Así doe a praia na que nos coñecemos. Toda ela espesa cábeme nos petos do abrigo e entérranseme as mans entre as cunchiñas facendome cortes. ¿sabes que sangro polas mañás? Pequenos cortes invisibles que deixou todo o que ven despois da marea. así doe novembro e máis. Imenso. Donde o mar rompe nas pedras doe imenso. Alí e onde máis manca que non che son nin sequera un recordo.
Maria Lado

Entrevista em Várias Línguas à Poetisa Galega Maria Lado


".......O_Fartura proponnos outra vez un apaixóante proxecto de colaboración entre bitácoras na rede.
Como xa fixemos fai uns meses coa entrevista a Rafa Villar , onde Ines dende Beliscos pequenos, Moncho dende A Singradura da Relinga , e eu mesmo dende esta bitácora; entrevistamos e logo o publicamos nas nosas paxinas conxuntamente.
Agora Moncho propón entrevistar á María Lado, autora de Berlín.
Nesta ocasión queremos ser un chisco mais ambiciosos e diversificar as linguas e os lugares de onde proveñan as preguntas que se lle han facer a María Lado.
Dende Catalunya a Portugal e dende Cantabria hasta Galicia plantexaremos as nosas preguntas e envorcaremos a nosa curiosidade e a dos que leedes as nosas bitácoras en varias das linguas oficiais da península.
Esta é a lista dos que participaremos , pero isto non é unha lista pechada. Se ti queres aportar tamén as túas preguntas , fáinolo saber e incluirémoste na iniciativa.
1-Joan Sol de El Mar ès el Camí.(Catalán)
Que ten traducido coa autorización da autora un poema ao catalán. O poema poderiamos publicalo nos nosos blogs a modo de antesala da entrevista.
2-Mar de Una Mirada a la Ría de Vigo(Castelán):
Expresou a súa intención de participar na entrevista mediante comment.
3-Manuel de Homes de Pedra en Barcos de Pau(Galego):
A Noemí de El Observatorio de la Noé (Castelán) , envieille esta tarde unha invitación e espero que xunte tamén . Se finalmente se incorpora xa informaríamos
4- Marieke de Ponto de Encontro (Portugués)
5-Moncho de Singradura da Relinga (Galego)
6- Inés de Beliscos Pequenos (Galego)


Post colocado por Manuel do blogue....Homes de pedra en Barcos de Pau

sábado, 10 de maio de 2008

Barcos também são poesia


Aqui uma foto do veleiro mais lindo do Universo...quiçá de Aveiro...ehehheheh..Ele está neste momento a galgar ondas e a lutar contra ventosgas desde a Pobra do Caramiñal na Galiza. Vem a caminho de Aveiro...Bons Ventos o tragam!!!!!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fundamental...Museu Marítimo da minha Terra

O museu marítimo de Ilhavo tem programadas até Setembro de 2008 actividades de muita qualidade das quais deixo só este cheirinho...venham a Ílhavo..visitem...

Rostos da Pesca...Exposição de Fotografia Desenho e Pintura



O Destino do Peixe -exposição de fotografia


E finalmente o lançamento do livro dia 18 de Maio.........Portugal no Mar

sábado, 3 de maio de 2008

O rosto de Maio de 68........40 anos depois


"....Em Maio de 1968 a revolução encabeçada por homens precisava de um rostro feminino, nenhum outro ficou na memória como o de Caroline de Bendern. Ela foi capa de revista em todo o mundo, e ainda hoje é o mais belo poster da revolta parisiense.
Curiosamente, Caroline não passava de uma figurante. Não era francesa, nem estudante, nem trabalhadora, nem especialmente politizada. E (não se choquem) fez pose. Em Maio de 1968, Caroline tinha 27 anos. Inglesa, era neta do Conde de Bendern, e uma neta problemática. Andou por várias escolas internas inglesas, de onde foi sendo expulsa, depois mandaram-na para Viena, onde se meteu na boémia, e acabaram por lhe cortar a mesada. Então foi para Paris e Nova Iorque, e trabalhou como modelo. Caroline era uma rapariga do seu tempo, e dizia aquelas coisas vagas contra "a sociedade" e a favor da "mudança". À Normandie Magazine confessou em 1997: "Estava-me nas tintas para a política francesa, porque estava preocupada com a humanidade inteira." Nada mais inócuo do que estar preocupado com toda a humanidade.
Como é que esta jovem mulher se torna a Joana d"Arc do Maio vermelho? Ela ia no meio da multidão que marchava em direcção à Bastilha (os símbolos, os símbolos) e já lhe doíam os pés (é o que ela conta). Então alguém lhe pede que salte para os ombros de um rapaz e segure uma bandeira. A boleia era bem vinda. A questão da bandeira parecia mais complicada: "Não queria nem a bandeira vermelha - por causa dos comunistas que sabotavam o movimento - nem a bandeira negra, porque não sabia nada dos anarquistas. Mas a bandeira vietnamita convinha-me como símbolo de uma guerra que toda a juventude denunciava. De repente, sinto várias objectivas fixadas em mim." Nada a que uma modelo não esteja habituada: "Então tive como que um reflexo profissional. Instintivamente, endireitei-me, o meu rosto torna-se mais grave, os meus gestos mais solenes. Quis a todo o custo ser bela e dar uma representação daquele movimento à altura do momento.
Ela admite: "No fundo, fiz pose. E fui armadilhada por essa pose. Porque de repente emocionei-me: esta multidão que se junta, justa, ardente, luminosa, com todas aquelas bandeiras, e este símbolo tão pesado na minha mão. Torno-me exactamente o que tento parecer. Já não represento nenhum papel, estou mergulhada no movimento e no instante, e consciente, eu que sou uma aristocrata inglesa, de uma responsabilidade." O avô conde, como é próprio dos avós condes, não se comoveu nada com as multidões ardentes: rasgou o testamento e disse à neta que não lhe aparecesse mais à frente. Caroline trocou a aristocracia do título pela aristocracia da celebridade, e convenhamos que há "armadilhas" mais graves. Hoje, diz que nunca se arrependeu do Maio. Quando muito, digo eu, está arrependida de não ter pedido royalties......"
[Público, 3 de Maio de 2005]

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Arte continua no Ponto de Encontro

Filomena Moretti é uma virtuosa "tocadora" de guitarra que muito admiro..parece espanhola ...mas não é..nasceu em Itália e é considerada a maior entre as maiores...não falando claro de André Segóvia..mas esse...é um caso único...Aqui partilho com todos ..esta Obra Maravilhosa de Alberniz e que tem o nome ...Astúrias...ouçam e deliciem-se.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ponto alto de Arte no Ponto de Encontro

Sou, como de certeza todos vós, uma amante de Arte..pois Arte é Beleza e eu Amo o Belo...seja na Literatura..seja na Dança... seja na Música...seja na Pintura...seja na Escultura...etc..e é Escultura..que quero partilhar com todos... a Visão da Obra de Jeff Koons...e digam lá se não estamos em termos Estéticos a falar do BELO. (Este coração vermelho em metal foi vendido esta semana pela quantia de 23,5 milhões de dólares..o que faz de Jeff Koons o artista vivo mais caro do Mundo)






Mas a Beleza não termina aqui..deleitem os vossos olhos ..porque as carteiras pelo menos a minha ..nem com o Euromilhões...ehehehheheheehhe...esta flor azul em metal encontra-se em Berlim..na Praça Marlene Dietrich


domingo, 27 de abril de 2008

Para os marinheiros do Ponto de Encontro...este encontro com Alberti


A UN CAPITÁN DE NAVÍO

Homme libre, toujours tu chériras la mer.

C. Baudelaire

Sobre tu nave —un plinto verde de algas marinas,
de moluscos, de conchas, de esmeralda estelar,
capitán de los vientos y de las golondrinas,
fuiste condecorado por un golpe de mar.

Por ti los litorales de frentes serpentinas
desenrollan, al paso de tu arado, un cantar:
—Marinero, hombre libre que los mares declinas,
dinos los radiogramas de tu estrella Polar.

Buen marinero, hijo de los llantos del norte,
limón del mediodía, bandera de la corte
espumosa del agua, cazador de sirenas;

todos los litorales amarrados del mundo
pedimos que nos lleves en el surco profundo
de tu nave, a la mar, rotas nuestras cadenas.


Rafael Alberti, 1924

Ponto alto ....no Ponto de Encontro

Hoje ao reler poemas de Rafael Alberti...apeteceu-me ouvir a sua voz..quis por isso compartilhar com todos esta entrevista intíma..puxem...duma cadeira...vão buscar um copo de bom vinho tinto..um cigarro..e ouçammmm...a entrevista continua... clicar depois por baixo na 2/10.

Desejo deste Ponto de Encontro...

terça-feira, 22 de abril de 2008

23 de Abril -Dia Mundial do Livro


Não posso deixar passar este Dia sem partilhar neste meu Ponto de Encontro a celebração da leitura Boa ou mesmo Muito Boa.
Estamos no Ano de todas as discussões sobre o famoso acordo ortográfico que vai influenciar países de Língua oficial Portuguesa..(também gostaria de incluir aqui o "meu galego")
Assim tentarei fazer 1 escolha de livro que me marcou.Moçambique...... de um autor fetiche..Mia Couto..livro fabuloso na simplicidade complexa da sua narrativa e ilustrações fabulosas...MAR ME QUER.
Mar me quer é uma estória lindíssima. De um Amor nunca perceptível ao primeiro inalar – mesmo que pensemos que sim. Estória de sorrisos dados com o mar. Ilustrado como, agora, é difícil de conceber de outra forma. Por João Nasi Pereira. As palavras pertencem ao mundo. Por Mia Couto.
Vou escrever algumas passagens do livro para aguçar o apetite:
"Deus é assunto delicado de pensar, faz conta um ovo: se apertarmos com força parte-se, se não seguramos bem cai.
(Dito do avô Celestiano, reinventando um velho provérbio macua).
Levanta, ó dono das preguiças.
É o mando de minha vizinha, a mulata Dona Luarmina. Eu respondo:
-Preguiçoso? Eu ando é a embranquecer as palmas das mãos.
-Conversa de malandro…
-Sabe uma coisa Dona Luarmina? O trabalho é que escureceu o pobre do preto. E, afora isso, eu só presto é para viver.
-Você, Zeca Perpétuo, até parece mulher…
-Mulher, eu ?
-Sim, mulher é que senta em esteira: Você é o único homem que eu vi sentar na esteira.
-Que quer vizinha? Cadeira não dá jeito para dormir.
Ou ainda esta abertura do livro...fantástica

"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer."

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Histórico: no dia 7 de Abril de 2008 a Galiza na Conferência Internacional do Acordo Ortográfico-Na Assembleia da República

Foi um dia histórico nom apenas para a Galiza lusófona, mas para a língua galega toda. No dia de ontem, a Conferência Internacional/Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, organizada pola Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República Portuguesa, sentiu com força a presença galega da mao da Associaçom Galega da Língua (AGAL), Associação de Amizade Galiza-Portugal (AAG-P), Associação Pró Academia Galega da Língua Portuguesa, Associação Sócio-pedagógica Galaico-Portuguesa (ASPG-P), Movimento Defesa da Língua (MDL).

Ângelo Cristóvão falava, depois do encerramento da sessão, em dia histórico para a língua na Galiza graças a unidade demonstrada pelo movimento reintegracionista, além de comentar que esse esforço e trabalho estão a permitir fazer inúmeros contactos que logo darão novos frutos.

Por seu lado, Alexandre Banhos mostrava-se também satisfeito, ressaltando o facto de que por primeira vez a Galiza ter voz oficialmente na Assembleia da República portuguesa, havendo também de facto um reconhecimento ao seu cáracter lusófono.

quarta-feira, 26 de março de 2008

A todas as avós do Mundo

Descobri este vídeo no Blogue do Marinheiro "Homes de Pedra em Barcos de Pau"..senti-me tocada por ele desde a primeira vez que o ouvi...ali está a minha avó galega..que deu origem como todas as avós de emigrantes..a netos e netas ..portuguesas..galegas..e chilenas..

Misteriosa e polémica imagem Mariana


Andava eu pelas minhas deambulações históricas, quando chegada a uma povoação do centro de Portugal, me deparei com uma igreja no interior de um castelo em ruínas..entrei..nada de anormal ..de repente olho para o altar lateral nem acreditei no que vi...a imagem principal do altar era a de uma Virgem...Grávida...e muito..com a mão pousada plácidamente sobre a sua barriga ....era a imagem da Nossa Senhora da Expectação ou Senhora do Ó...do séc. XIV..ahhhhhhh..mas não chegando só esse espanto..as figuras que a ladeavam eram de tez..escura...Vim mais tarde a saber que os anjos eram assim pois representavam a população caracteristica dessa época ..os Moçárabes...e esta hein..???

domingo, 23 de março de 2008

Viva a marinheira de Montemor o Velho


jc..este post é para si..uma forma mesmo de desacreditar o Bolha a menina que vai ao leme é mesmo de montemor e mais..parece que parente do dito cujo ehehehhehehh..a outra euzinha..e com ondas pelo menos uns centímetros maiores que as do Mar da Palha ehehehhehehe

sábado, 22 de março de 2008

quinta-feira, 20 de março de 2008

Dia Mundial da Poesia- Parte IV


Romaxe de Nosa Señora da Barca¡

Ay ruada, ruada, ruada
da Virxen pequena
e a súa barca!
A Virxen era pequena
e a súa coroa de prata.
Marelos os catro bois
que no seu carro a levaban.
Pombas de vidro traguían
a choiva pol-a montana.
Mortos e mortos de néboa
pol-as congostroas chegaban.
¡Virxen, deixa a túa cariña
nos doces ollos das vacas
e leva sobr'o teu manto
as foles da amortallada!
Pol-a testa de Galicia
xa ven salaiando a i-alba.
A Virxen mira pra o mar
dend'a porta da súa casa.
¡Ay ruada, ruada, ruada
da Virxen pequena
e a súa barca!
Lorca

Dia Mundial da Poesia- Parte III


Monsieur le président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
« Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir »
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer
Boris Vian

Dia Mundial da Poesia- Parte II


A un Capitán de Navío

Sobre tu nave – un plinto verde de algas marinas,
De moluscos, de conchas, de esmeralda estelar,
Capitán de los vientos y de las golondrinas,
Fuiste condecorado por un golpe de mar.

Por tí los litorales de frentes serpentinas
Desenrollan, al paso de tu arado, un cantar:
- Marinero, hombre libre que los mares declinas,
Dinos los radiogramas de tu estrella Polar.
Buen marinero, hijo de los llantos del norte,
Limón del mediodía, bandera de la corte
Espumosa del agua, cazador de sirenas;

Todos los litorales amarrados del mundo
Pedimos que nos lleves en el surco profundo
De tu nave, a la mar, rotas nuestras cadenas.

(Marinero en Tierra)
Rafael Alberti

Dia Mundial da Poesia- Parte I


Hoje é um dia importante..por muitas coisas mas também por isso..então daqui para todos a minha homenagem à POESIA

A invenção do amor

Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas
janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de apa-
relhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da
nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor

Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia
quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e
fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A polícia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique antes
que a invenção do amor se processe em cadeia........
Autor: anda por aí...

terça-feira, 4 de março de 2008

Visita ao Museu Marítimo de Ílhavo..Fundamental



O Museu Marítimo de Ílhavo conta com quatro exposições permanentes, todas elas de temática marítima, todas elas singulares e dotadas de colecções ricas que são parte do património do Museu. No piso inferior residem as exposições mais identitárias: a Sala da Faina/Capitão Francisco Marques, dedicada ao tema da pesca do bacalhau à linha com dóris, e a Sala da Ria, dedicada às fainas agro-marítimas da Ria de Aveiro. No piso superior do edifício habita as terceira e quarta exposições de carácter permanente – a Sala dos Mares, relativa à memória da expansão oceânica dos portugueses e dos ílhavos e ao papel de abertura e experimentação que nela desempenharam as pescarias longínquas do bacalhau e a Sala das Conchas.
Sala da Faina Maior/Cap. Francisco MarquesTrata-se da exposição mais emblemática do Museu, evocativa da “Faina Maior”, dos homens e “navios de linha” que andaram ao bacalhau. Lugar da memória da pesca do bacalhau por navios de artes de anzol (veleiros puros ou providos de motor), a sala da “faina” exprime um duplo sentido: evocação e homenagem. Em Agosto de 2002, esta exposição permanente foi rebaptizada em homenagem ao Capitão Francisco Marques, último capitão do “Creoula” e Director do Museu entre Outubro de 1999 e Junho de 2001. O discurso expositivo combina o realismo típico dos modos de expor tradicionais com uma certa estilização e com o uso de recursos audiovisuais. O ambiente é ostensivamente lúgubre (a sala é pouco iluminada), mítico e envolvente.A exposição organiza-se em três espaços distintos, como se fosse um grande tríptico: ao centro, exibe-se um belo iate da pesca do bacalhau, construído em madeira por artesãos de construção naval ao longo do ano de 2001. Trata-se de uma representação de um navio típico da década de vinte do século XX. Modelo em tamanho real, a meia água ou cortado pelo limite inferior do convés, permite ao visitante ir a bordo e tocar todos os elementos materiais que eram parte da grande faina, das amarras às vergas, da gauita à pilha dos dóris, a embarcação frágil e esguia que constituía a chave do modo singular como os portugueses fizeram durante séculos a pesca do bacalhau – a pesca com dóris de um só homem. Saindo do convés, pode o visitante observar o que falta no navio percorrendo com minúcia a ala esquerda da sala onde encontrará os principais espaços que ficavam sob o convés, com destaque para a câmara dos oficiais e o porão de salga. A ala direita da sala consiste numa narrativa de viagem desde o apresto e largada do navio e prosseguindo com a viagem e a faina dos dóris até ao regresso. Ilustrada com textos e fotografias de Alan Villiers.
Fonte...Museu Marítimo de Ilhavo

Exposição sobre Barcos Tradicionais Portugueses em Ilhavo



BARCOS TRADICIONAIS PORTUGUESES - navegações, instantes e devoções
Está patente no Museu Marítimo de Ílhavo desde o dia 12 de Janeiro a exposição “Barcos Tradicionais Portugueses - navegações, instantes e devoções”, um belo conjunto de fotografias de Manuel Gardete. O acesso é livre. Patente até 13 de Abril.

Manuel Justo Gardete nasceu em Bissau, República da Guiné-Bissau em 1954. Médico e residente em Setúbal. Viajante e desde sempre amante da natureza e das riquezas do património, a fotografia foi a forma de registo, expressão e memória naturalmente escolhidas. As viagens, o mar e o património natural e construído têm sido, fonte de inspiração e pesquisa. Neste âmbito, participou em algumas exposições, que destaca: “I Bienal de Fotografia da Moita”- Moita -1992 “Comunidades Piscatórias de Setúbal”- Museu Marítimo de Macau - 1995 “Sétimo Salão de Fotografia do Mar”- exposição itinerante organizada pela Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas - 1996 “A Luz de Setúbal”- exposição colectiva com os pintores José Cascada e Luciano Costa no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal – 2003 “Do Sado ao Tejo – Embarcações Tradicionais” - Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal – 2003 “Palhaços – a colecção de Augusto da Graça Couto. Imagens de Pedro Soares e Manuel Gardete” – exposição colectiva na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal – 2004 “Olhar(es) Sobre a Índia” – livraria e editora Som da Tinta em Ourém – 2004 “Do Sado ao Tejo – Embarcações Tradicionais” – Centro Náutico Moitense na Moita – 2005 “Do Sado ao Tejo – Embarcações Tradicionais” – Biblioteca Municipal da Póvoa do Varzim – 2005 “Embarcações Tradicionais do Sado. Um património com futuro” – exposição colectiva de fotografia e pintura no âmbito das Comemorações do Dia Internacional dos Museus - Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal – 2006