sábado, 31 de maio de 2008

O Menino Azul


O menino azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

Cecília Meireles

Dia Mundial da Criança-Sem palavras.


Dia Nacional do Pescador


Sou pescador...

Aventureiro das ondas

Sou pescador...

Nas minhas viagens longas.

O trabalho desperta

A minha infância já acabou

Não sei, se na altura certa

Mas foi o que a vida me brindou.

Histórias por contar

No mar alto vividas

Sustos e alegrias por recordar

Têm estas nobres vidas.

Mãos queimadas do tempo

Cara envelhecida

Sinais da chuva e do vento

Memória aquecida.

De velha traineira

Parto para a aventura

Na busca do alimento

Nesta vida dura.

Sou pescador...

P.A. Ramos

Diário de Bordo-Hilariante

Alguns meses atrás recebi um convite do meu amigo Cmdt João Beiga, "temos de ir á Galiza em Maio, vamos lá mamar uns mexilhones e umas canhas à conta daqueles gajos, e até fazem uma regata em nossa honra", eu disse logo, "se é para mamar à conta dos nuestros hermanos, conta comigo, a regata logo se vê".É claro que eu nunca iria perder um evento das "Organizações Beiga, SA ", é um desenrolar de emoções fortes, overdoses de adrenalina, a própria ABJSE-Associação de Bundjee Jumping Sem Elástico, tem-se vindo a queixar de que os eventos desta entidade fornecem aos participantes adrenalina em doses superiores ao permitido por Lei.
Aveiro 30 de Abril de 2008 19h 03m horas, chega o Cmdt Beiga com 3 minutos de atraso, com o carro cheio de Mouros, toca a entrar para a camineta, temos de ir para Espanha.-Entrem que eu não vou, depois vou lá ter, não se preocupem.(como se nós estivessemos preocupados com ele)"Ó Beiga, se eu e o Julio vamos dormir ao barco precisamos da chave"-Pois, esqueci-me, mas fizeste bem em lembrar, vão andando que eu ainda chego lá primeiro que vocês e levo a chave.
Porra do Caraminhal 01 de Maio de 2008O dia acorda bonito, vou beber um café ao clube náutico, foda-se 90 centimos e não valia um coiso das Caldas.Chega o nosso Cmdt Beiga, colega de curso do não menos famoso Basco Moscoso de Aragão (Capitão de Longo Curso), acompanhado da sua esposa."Ó Beiga, os documentos do barco?"-Épá, os mouros são uns chatos, lembra-me que tenho que tos dár.E lá fomos nós, mamar uns bocadillos, unas canhas, uns copitos de viño rojo, de seguida embarcámos numa camioneta e fomos passear por aquela terra que um dia foi nossa, no fundo fomos matar saudades.Acabámos o dia a mamar perdidamente (como no poema da Floribela Espanca), é claro que foi á conta dos nuestros hermanos.

02 de Maio de 2008 - Da Porra do Caraminhal até Bigo O Cmdt Beiga não veio no navio, o Cmdt Moscoso que estava de reserva tambem não apareceu, logo eu e o Julio tivemos de nos fazer ao mar por nossa conta e risco. Não fossem os golfinhos que apareceram ao fim da tarde e a viagem teria sido uma monotonia pegada.Mas à chegada lá estava o nosso Cmdt Beiga, ele e uma feijoada de samos, para o almoço do dia seguinte, e mais uma vez lá fomos mamar à conta dos outros, mejillones al vapor, bocadillos, tortillas de patata, canhas, claritas e pulpo.Como não havia café a nossa "Amiga Atlantica", (link para o seu blog ) ( http://unamiradaalariadevigo.blogspot.com/) ofereceu-se e insistiu para nos levar a um café ao centro de Bigo, largou-nos mais ou menos á porta de um café semi-aberto ou fechado, e disse em galego uma coisa que eu não percebi, mas o Cmdt Toni Pardal Sepikingue, imediatamente traduziu assustado: "ela vai-se embora, vai buscar o Pipo ao clube e diz que para voltarmos á marina é pelo caminho que viemos, só que a pé, se nos perdermos, basta seguirmos o musica na Marina e vamos lá ter". "Vai-se embora uma mierda, para já é longe pa carialho, depois se os gajos desligam a musica tamos fornicados, que se lixe o café, vamos é outra vez com ela".Lá a convenci a esperar 5 minutos e nós bebemos um café, 1 Euro, foda-se mais uma vez e não valia outro caralho, se estivesse aqui uma tia minha, a gorda atrás do balcão levava com o café no focinho até tirar uma bica.
03 de Maio de 2008 De Bigo até á Póvoa de Varzim (Portugal)O Cmdt Beiga reassume o comando do navio NBB Béronique, desta vez sim, a viagem prometia, mais não fosse pela famosa feijoada.E lá iamos nós rumo ao mar, quando os nuestros hermanos se lembram de fechar a torneira do vento, o Cmdt Pardal Sepikingue, farto destas merdas, avisa logo pelo rádio, que vai fazer uma corrida a motor, O Cmdt Licas não o deixa fugir e vai logo atrás dele.No NBB Béronique vamos a votos, as opções são de ir a motor ou esperar por vento, resultados: um voto a motor e duas abstenções, foi o unico caso em que as abstenções ganharam a um voto a favor e ficámos na mesma.
Ena pá, ukéke vem lá?
1200 - Vamos almoçar , temos uma feijoada de samos.Mas, como não há bela sem senão o Beiga dá o alarme:"Ópá, não há gás"(já eu estava a notar que faltava qualquer coisa nesta viagem, a navegar á práticamente 2 horas e ainda não tinha acontecido nada, era no minimo estranho).Julio - "Ó Beiga vê lá se é a torneira de segurança que tá fechada"Je - "Ó Julio, qual torneira, ele tá a abanar as duas bilhas, deve tar a querer aproveitar o gás que tá coalhado, em ultimo caso mete-se a feijoada ao sol, pode ser que aqueça".Afinal parece que há gás, mas soa novamento o alarme "não há fósforos",por sorte o Julio tinha um isqueiro e lá se aqueceu a feijoada e 2 dedos do Beiga a tentar acender o fogão.
1230 - Soa novamente o alarme mas desta vez via VHF, "o pessoal tá a levar porrada no Sileiro", nós estavamos nas Cies sem vento, mas no momento em que o Julio mete o ultimo feijão á goela, começamos a levar com tudo em cima, deu para tudo, viragens de bordo, cambadelas, trambolhões dentro da cabine, etc.
Islas Cies
E prafazeando o nosso colega Cmdt Pardal Sepikingue, começámos a levar com 30 nozes de vento, todas de uma vez no focinho e foi mesmo muita fruto seco, "baixa pano á proa, mete motor e vamos mas é para a nossa terra, querias vento, agora toma lá".E lá foi o NBB Béronique, no meio da borrasca aos pulos que nem um macaco, fico eu e o Julio no poço, o nosso Cmdt Beiga confia em nós e vai dormir, e eu comento com o Julio, "como é que aquele gajo consegue ir dormir com esta merda aos pulos, mas pronto ele lá sabe".O que vale é que este pessoal lá dos lados de ABeiro, habituados a estas andanças pelo grande Mar Oceano do Norte (ainda os hei-de ver no Mar da Palha), ia-se mantendo informado: Não se recolhe a Baiona, andar 5 para trás ou 10 prá frente, segue-se prá frente, em La guardia tá melhor, seguimos até Viana, em Viana tá bom, vamos prá Póvoa.E efectivamente pra lá da fronteira as condições eram outras, mais prós lados de Montedor encontrámos condições para jantar, metemos o "preto" (cor do piloto automático) ao leme e recolhemos á cabine.Jantamos o resto da famosa feijoada (parabens á cozinheira Marieke) e entretanto anoitecia e passávamos a barreira psicológica das 10 milhas, comunico a nossa posição ao Cmdt Pardal Sepikingue (deve ser o nome completo dele, cada vez que vinha ao rádio dizia: "olá Mouro, aqui Pardal Sepikingue"), e digo "espera por mim que tens de me levar para Abeiro".Mas passados uns minutos, a 7,5 milhas da Póvoa, o Cmdt Beiga dá novamente o alarme "temos de ir á vela", eu nem digo porquê, quem quizer que adivinhe.Comunicamos ao Pardal que vamos velejar um bocadinho, a noite tá boa e vamos aproveitar a estadia aqui no meio do mar.Passadas 2 horas, já era estadia a mais e vela a menos, pelo que pedimos ao Cmdt Berna do "Tibariaf II", que viesse ter connosco para falarmos um bocadinho e já agora trazer uns litritos de gasoleo, não fosse o nosso acabar por acaso, o Berna gostou da ideia e 30 minutos depois tava á nossa beira e seguimos viagem juntos.Entretanto o Cmdt Pardal Sepikingue dava uns conselhos por rádio "se por acaso vos faltar o gasóleo, metam do Alvarinho no depósito, se o motor for como o dono, queima tudo". Entrámos na barra da Póvoa por volta das 2 da matina com o Chico Albino e a Isabel á nossa espreita assim como um respeitoso comité de boas vindas.Mais uma vez o NBB Béronique foi a embarcação mais famosa em prova, vá-se lá saber porquê.

Fado também é Poesia

Berlengas 2008


Hoje, sábado 31 de Maio de 2008 deu-se a largada das embarcações aveirenses que vão participar em mais um Cruzeiro Berlengas 2008...nela alinhou também o mais lindo veleiro do Universo quiçá de Aveiro...ehehheheh..Boa Viagem e Bom Regresso.

Fotos dos tapetes de flores -Ponteareas 2008












Como prometido aos visitantes deste PONTO DE ENCONTRO aqui está a minha reportagem fotográfica dos tapetes de flores naturais da minha Ponteareas nas festas de CORPUS CHRISTI.
Reportagem pobrezinha pois sou uma nulidade com a máquina ...eheheehhe...também quis mostrar a parceria que todos os anos a cidade de OROTAVA em Tenerife faz com Ponteareas, nos seus tapetes OROTAVA usa flores naturais e terra de mil cores tiradas do vulcão TEIDE.




quinta-feira, 29 de maio de 2008

Assim vai o Mundo-Dia Internacional das Forças de Paz da ONU


Sem palavras....

Entrevista a Maria Lado -poetisa galega


Ola María Lado; esta entrevista é unha iniciativa cultural que parte de homes e mulleres, que compartimos administrar blogues escritos en idiomas diversos, e que formamos parte do espazo da cultura marítima na blogosfera. Ademáis somos afeccionadas e afeccionados á poesía, sendo o teu poemario Berlín unha lectura compartida por todas e todos nós.


El mar és el camí: He vist alguns video-clips amb els teus poemes, i el mateix “Berlín” forma part d’una obra més àmplia, que combina poesia, la música de “Fanny+Alexander” i la teva pròpia interpretació dels poemes. Vas escriure “Berlín” pensant ja en donar-li aquesta dimensió “multimèdia”?
María Lado: Nun principio a escritura de berlín tratábase só de escribir unha serie de poemas, sen máis dimensión que esa. De feito berlín foi un libro feito por encarga para a colección Poeta en Compostela que promovía a AELG, o Concello de Santiago e o xornal Correo Gallego. De modo que nun principio só pretendía ser un libro en papel do máis tradicional. O feito de que despois se convertira nun poemario publicado en rede (a primeria publicación en rede foi na sección Letras de Balde de Arredemo) e máis tarde gañara esa dimensión de spoken word da man de Fanny e Alexander (a quen llo agaradecerei enorme toda a vida, pois foi inciativa deles) foi posterior. Non foi algo que planificara dende o principio. Aínda que si que é certo que teño ese interese en darlle á poesía máis dimensións que a escrita. Esa concepción da obra literaria que traspasa xéneros interésame moito.
El mar és el camí: Tu vas néixer i vas créixer a la Costa da Morte, prop de Fisterra; un lloc on la presència del mar es fa sentir en tot moment. Quina influència té, el mar, en la teva obra? I com és la teva relació personal amb el mar? També el portes “aniñado no peito”, com la Genoveva d’un dels teus poemes?
María Lado: Malia que isto pareza un tópico, creo que o mar é algo que marca muito á xente que somos da costa, xa que é un elemento moi potente, algo cunha presencia moi evidente. Para min o mar leva toda a vida aí, forma parte das miñas paisaxes, tanto reais como sentimentais, e por iso é moi recurrente no que escribo, xa que tamén é moi recurrente na miña vida. A miña relación co mar é de fascinación e mesmo necesidade. Fáiseme moi difícil vivir sen el. Pode ser que tamén o leve aniñado no peito como Genoveva :)


Una Mirada a la Ría de Vigo: Los distintos océanos y mares son diferentes; unos más cálidos, otros más fríos, unos con más sal, otros más densos, así la vida que en ellos se desarrolla también es diferente, su color es diferente, su luz es diferente, su olor es diferente, hasta el sabor de su pescado, de su marisco es diferente. ¿Has percibido esa diferencia del Atlántico respecto de otros mares y océanos?
María Lado: Teño a sensación, pero só é unha vaga impresión, de que pode haber unha diferencia -tamén plasmada na literatura, no modo en que se expresa literariamente,- entre océanos como o Atlántico das terras do norte e mares como o Mediterraneo, que , ao meu ver, transmiten unha idea diferente, unha imaxe distinta. Pero isto, xa digo, é algo que só presinto. O que si creo que hai son diferentes maneiras e visións, á hora de achegarse ao mar. Cousas que dependen máis das persoas, do enfoque, das intencións... que do mar en si.
Una Mirada a la Ría de Vigo: ¿Qué tiene de personal e identificativo el Atlántico, por tanto que no tengan otros mares u océanos, para que hayas encontrado allí tu inspiración?
María Lado: Para min o Atlántico é o meu océano, quero dicir que é co que teño trato e o que coñezo, así que iso é o que o fai persoal e identificativo para min, pois forma parte do meu imaxinario íntimo.


Ponto de Encontro: Para escrever uma obra como Berlim não basta só ter inspiração, tem de se ter um estado de alma, preenchido com saudade, melancolia, uma pitada de tristeza, enfim diz-me como foi escrever Berlim?
María Lado: Partindo da base de que foi escrito con moita constancia (pois xa digo que a obra foi un encargo que tiña un tempo de entrega e todo iso) si é certo que superado ese trámite tiven que facer queo proxecto fose meu, persoal e propio e moi afincado en min para poder escribila. De modo que adoptar un estado da alma -por conservar esa denominación que propós- era algo básicamente necesario. berlín é unha historia de amor inventado, algo xa precedido polo fracaso, e para escribilo adoptei tamén esa sensación que oscilaba entre a emoción do imaxinado, con moita tenrura, e unha tristeza na que desemboca todo. Nos meses que o escribín, que creo que foron dous, estiven metida nese ambiente continuamente. Pero sobre todo tiña a sensación de estar escribindo unha historia fermosa de final agridoce. É unha sensación moi bonita deixarse arrastrar así por un libro. Algo que parece un pouco enfermizo, si, pero moi gratificante.
Ponto de Encontro: Para se escrever um poema como Novembro tem de se ter uma relação com o Mar.diz-me, qual a tua relação com o mar e de que forma ele te inspira?
María Lado: Para min o mar é un elemento de forza impresionante que forma parte do meu entorno dende sempre. E dende sempre me inspira de maneiras diferentes; nel atopo imaxes de tránsito, de camiño, véxoo como fonte de vida e tamén animal famento... No caso de nove (que foi finalmente o título do libro onde está o poema novembro que mencionas) o mar gañou un matiz moi violento, moi animal, que se relaciona directamente co sentimento de pertenza a un lugar, o cal tampouco era un lugar moi apracible, senón todo o contrario. O mar é ademais o axente principal das cousas que ocorren no lugar, por iso ten ese carácter en todo o poemario e non outro.


El Observatorio de la Noé: Soy una convencida activista contra el canon por préstamo en las bibliotecas y eso es algo que reflejo en mi blog casi continuamente. Son muchos los creadores que se han manifestado en contra de esta normativa, es por ello que como autora y dado que tu obra es objeto de préstamo bibliotecario, quisiera que me respondieras a la siguiente pregunta: ¿Qué piensas sobre la Directiva 2006/115/CE sobre derechos de alquiler y préstamo, que fija un canon por cada préstamo público de libros y que se viene aplicando en España desde 2007?
María Lado: Eu creo firmemente que é bo que a cultura sexa de acceso libre e que ademais ese sistema é viable para que tanto autores como outros axentes da cultura poidan vivir dignamente se replantexamos a cousas .
Claro que no sistema actual hai cousas que os autores tampouco poden controlar. Se os meus libros son obxecto de préstamo é algo que eu non podo controlar, pois eu teño libros dos que non teño os dereitos e, doutra banda, non podo pretender saber a onde van todos e cada un dos meus libros. De calquera maneira paréceme unha inxustiza enorme, porque ademais creo que as bibliotecas públicas son un dos maiores tesouros da sociedade, representan en si o acceso libre á literatura. Pola miña banda, eu intento facer o que podo porque os meus libros e textos se poidan consultar libremente, fotocopiar, imprimir, citar... e todo iso sen que se teña que pagar por eles. Non pretendo vivir dos dereitos (así polas boas) do que escribo, senón do que escribo e do que recito.
El Observatorio de la Noé: He leído en alguna entrevista previa que te quejabas de la poca afición que, en general, la gente siente por la poesía. Tus palabras concretamente fueron: “…hay muy pocos lectores y muy pocas personas que asistan a los recitales y eso, me imagino, que en parte es culpa de los poetas.” ¿Por qué piensa que los propios poetas son los culpables de esta situación? ¿Cuál cree que es el mejor método para difundir, así como crear afición a la poesía?
María Lado: A idea que durante moitos anos houbo do poeta era unha imaxe moi marcada pola aureola de tipo inspirado de altura intelectual superior ao común dos mortais. Ou sexa, alguén difícil de entender (comentario co que aínda a día de hoxe me atopo) serio e bastante aburridiño, co seu libriño debaixo do brazo adormecendo ás masas. Tamén está a imaxe do poeta máis social, que –para desgracia dos poetas e da sociedade- vénche sendo un tipo máis cercano pero igual de brasas. Esa é a idea que a xente ten metida na cabeza de poeta. Ou, cando menos é a que eu atopo nos colexios e nos intitutos cando vou ler ou dar talleres e mesmo entre adultos, tamén. Iso é culpa principalmente do sistema educativo, non nos enganemos, que nos graba esa idea a lume na fronte. Pero tamén dalgúns poetas, que se distancian eles mesmos do público, que teñen cinco minutos para ler e len quince, que se agochan detrás do libro e largan os seus textos como quen reza e cousas moito peores que fan que a xente se bote a tremer cando escoita falar de poesía. Aínda así, eu son un pouco esaxerada; non todos os poetas (e isto é así en todos os tempos) son así. Moitos teñen unha imaxe cercana e viva da poesía a así o demostran. E hoxe en día é moita a xente que se ocupa de transmitir esa idea que, durante anos, subsistía un pouco nas marxes da poesía oficial.
Doutra banda a poesía ´é variada e adopta diversas formas e estilos, está en moitos máis sitios que nos poemas (está nas películas, nos videos musicais, na publicidade...) e a xente -e tamén os poetas- comezan a tomar conciencia desa diversificación, o que mata un pouco esa idea clásica de poeta.


Singradura da Relinga: A creación artística en xeral e a literaria en particular non se conciben senón é ligada á comunicación social. Neste sentido hai autores e autoras que seguen circunscribindo a súa acción as redes de distribución tradicionais a través de editoras e librarías.
Na sociedade actual existe outra rede de distrubución de contidos (internet) que non está en competecia coa tradicional, senón que mesmo a potencia establecendo relacións sinérxicas mutuamente proveitosas.
Hai consciencia sobre este fenómeno por parte das autoras e autores galegos e danse pasos cara o aproveitamento da rede a favor da literatura?
María Lado: Eu creo que esa consciencia é aínda moi pouca, quero dicir, que existe e que hai xente que traballa nesa liña, mesmo proxectos comunitarios e editoriais que se achegan a esas novas redes de transmisión. Pero creo que aínda é algo case anecdótico, que é moi pouca a xente que se anima a dar o salto á rede. E é algo que me estraña, e moito, sobre todo entre autores novos, que teñen na rede unha posibilidade incríble de facer chegar os seus textos aos lectores e practicamente non o aproveita ninguén. Non hai máis que ver unha plataforma como aregueifa para darse conta da cantidade de música que hai fronte a uns poucos libros. Sen embargo supoño que é algo que chegará co tempo. Polo de agora penso que a maior parte dos autores seguen precisando ter un libro de papel entre as mans. Tamén me sorprende atoparme con críticos que din iso, que os libros en internet non son libros para reseñar. Que é obra invisible. Iso é algo que me flipa e me parece simplemente unha pequena ignorancia.
Singradura da Relinga: Berlín é un poemario meritorio non só pola sinxeleza e profundidade da mensaxe, senón que nos parece tamén destacable porque a súa edición para a rede se enriquece coa fusión con otros creadores de ámbitos distintos á literatura; a música “indi” de Fanny+Alexander que están embarcados nun proxecto de contemporaneización da música galega, e na ilustración e o deseño nada menos que coa aportación do debuxante David Rubín.
Esta fusión converte a Berlín en algo cualitativamente distinto, porque a creación interdisciplinar ten unha enorme potencia comunicativa. Tes previsto impulsar máis proxectos das mesmas características?
María Lado: Se todo vai ben, en moi breve tempo sairá en papel e á maneira de toda a vida o poemario nove (do que antes falei) xa que foi gañador dun premio que contempla a edición. Falando co editor que sacará o libro (Fervenza) chegamos ao acordo de que terei liberdade para facer unha edición dixital que tal vez se retrase por cuestións de axenda propia (é que, simplemente, non dou feito :) pero que estará dispoñible nos mesmo termos de descarga que berlín. Non teño aínda pechado todo o que será nove, aínda que me gustaría que fose algo semellante, un proxecto onde se engloban varias expresións.


Beliscos Pequenos: A túa obra é moi persoal, ou iso é o que semella tras varias lecturas. No caso que nos ocupa, Berlín, todo o que expresas está baseado en vivencias reais ou a poesía sempre axuda a construír outros universos?
María Lado: En berlín hai pouco de experiencia persoal cando menos así á vista. Para construír os poemas o que adoito facer é situar unha pequena amarra coa realidade, un vínculo a min ou a algo que recoñezo que se vai cubrindo e transformando a medida que o poema avanza e se vai convertindo en literatura. A poesía, e a literatura en xeral, son métodos marabillosos para construír outros universos. e ás veces para contruír este, tamén.
Beliscos Pequenos: Utilizaches durante moito tempo a rede para comunicarte cos teus amigos, lectores e expoñer a túa obra. Dende decembro do ano pasado non actualizas o blogue, que foi o que che levou a tomar esta decisión cando agora outros autores están utilizando a rede para o mesmo que a utilizaches ti?
María Lado: Pois non foi algo planificado. Agora volvín retomar o blog, hai só uns días, pero botei uns meses sen facer nada porque o fun deixando deixando -por outras presións da vida que me restaban tempo-, e así quedou. Non me gusta ter tampouco unha relación de obligación co blog e por veces tiña esa sensación, de modo que deixeino uns meses e, ao comprobar que non pasaba nada (que o mundo non deixaba de rodar nin o ceo se desplomaba sobre as nosas cabezas) foi cando me vin con ánimo e tranquilidade suficiente para volver a el. Para min é unha maneira de forzarme a min mesma a escribir e de probar texos pequenos sen ningunha presión. Doutra banda é tamén un exercicio de comunicación co entorno, de compartir e intercambiar cos outros, ao tempo que vale para iso que todos chamamos autobombo: é dicir, para convocar polos teus propios medios á xente, sen facer carteis nin ter que agardar a que a prensa seria lle interese meter o teu recital, acto ou merenda na axenda do día.


HomesDePedraEnBarcosDePau: Como xa O_Fartura e Besbe che fan as súas preghuntas en galego , eu , aproveitando que recitas con Gheada e seseo, voume dar o ghusto de faser as miñas preghuntas tal e como falo, en ghallegho costeño, mariñeiro e muradán .
Escoitarche ler Berlín en ghallegho, ca doSe sonoridade que da o “noso seseo costeño”, faime sentir ben , e identificarme mais se cabe ca túa poesía. Pero en Sertos Sírculos , pareSe pecado expresarse co noso aSento.
Non tes medo de que os “deuses” da normativiSaSión lingGHüistica che condenen ó inferno do despreSio?
María Lado: :D a verdade é que o da gheada e o seseo foi unha determinación que tomei dende sempre, dende que empecei a escribir e ler coas xentes do Batallón Literario da Costa da Morte. Para min é honra e orgullo falar coma falo. Ler poesía así é unha maneira de dignificar trazos lingüísticos que están historicamente mal vistos e que, non nos enganemos, nalgúns círculos aínda se ven como algo entre o anecdótico e o pouco aconsellable para a expresión culta. O que si dubidei moito, especialmente a raíz de abrir o blog, foi sobre se debía grafalos ou non, tanto a gheada e o seseo como outros trazos lingüísticos ( como diptongos e terminacións verbais). Finalmente decidín que non, non sei moi ben porque, e ás veces arrepíntome un pouco porque son solucións que co tempo se perderán completamente e eu na fala oral emprégoas a cotío, sendo tamén parte da miña maneira de expresarme.
HomesDePedraEnBarcosDePau: “Quen me dera que todo na rede fose peixe”! Esa sería a maior ilusión para un mariñeiro. Pero por desghrasia non todo na rede é peixe , nin andar no mar é doado.
Naveghar no medio do oséano das verbas, a min, as veses, prodúseme serto mareo , por iso da falta de costume.
Tí que estas máis acostumada a andar neses mares, aínda che dan arcadas ó naveghar por eses caladoiros?
María Lado: Ás veces si, e non por outra cousa que pola cantidade de literatura que aínda me falta por ler....uf! Ás veces entro nas librerías e penso “dios...pero que inculta es mariquiña”.


Foi todo un pracer.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Pasion

Hoje segunda feira dia 26 de Maio, estou assim...Apeteceu-me ouvir um dos meus compositores portugueses favoritos...Rodrigo Leão.
Apeteceu-me também partilhar neste Ponto de Encontro...uma das maravilhas de que um Português é capaz de fazer quando está inspirado..Deliciem-se.
(Para quem não conheça...Rodrigo Leão foi em 1982 co-fundador dos Sétima Legião e em 1985, em conjunto com Pedro Ayres Magalhães e Gabriel Gomes cria os Madredeus.
Suspende temporariamente os Sétima Legião entre 1993 e 1996 devido ao sucesso crescente do seu primeiro álbum a solo e às múltiplas solicitações do seu tempo.
Abandona definitivamente os Madredeus em 1994 para se poder dedicar inteiramente à sua carreira a solo e às obras EP Mysterium, 1995 e o CD Theatrum (1996).
A solo começa a explorar a combinação das suas composições clássicas-modernas com formas de canção e instrumentação mais tradicional, com a presença de Lula Pena ou Adriana Calcanhotto, no CD Alma Mater e correspondente digressão. Entre os eleitos seus convidados constam ainda Sónia Tavares, Nuno Gonçalves dos The Gift e Rui Reininho dos GNR que participou na gravação do seu álbum ao vivo intitulado Passion. Quer o disco "Alma Mater" quer o próprio músico receberam dois importantes títulos de reconhecimento público, o de Disco do Ano e o de Artista do Ano.
Em 2004 editou Cinema e foi considerado pelo editor da revista americana Billboard um dos melhores discos editados nesse ano. Neste trabalho participaram Beth Gibbons e Ryuichi Sakamoto.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Corpus Christi na minha terra-Ponteareas

Está quase a chegar o meu fim de semana preferido do ano. Fim de semana na minha terra galega para assistir mais uma vez ao trabalho artístico dos tapetes de flores naturais pelas estradas da vila, com toda a população a ajudar..e a oportunidade de assistir a concertos onde cada ano mato as minhas "morriñas" (saudades) da música do compositor ponteareano Reveriano Soutullo..e claro o seu famoso Pasodoble de Ponteareas.
Este vídeo é para partilhar com todos os galegos por esse Mundo fora e são muitos- um cheirinho do que se vai passar.

domingo, 18 de maio de 2008

Dia das Letras Galegas-2008-Xosé María Álvarez Blázquez

No dia 17 de Maio -Dia das Letras Galegas-Xosé María Álvarez Blázquez foi o escritor escolhido para celebrar esta data , que os Galegos desde 1963 escolheram para homenagear os seus escritores já falecidos.
Da obra deste Galego ilustre retiro com entusiasmo este "Romance do Pescador peleriño"


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Para adoçar a boca com a poesia de Maria Lado


Así doe novembro. Así me doe nas maos apertadas contra ti. Doe como unha traxedia para un pobo ou o recordo dun membro fantasma. Doe porque non te das ido aínda que marcharas e non hai bálsamos para o baldeiro dun amputado. nin sequera doses xustificadas de codeína contestan as miñas mensaxes. Nunca preguntas. Por min. Nunca preguntas por min. Así doe a praia na que nos coñecemos. Toda ela espesa cábeme nos petos do abrigo e entérranseme as mans entre as cunchiñas facendome cortes. ¿sabes que sangro polas mañás? Pequenos cortes invisibles que deixou todo o que ven despois da marea. así doe novembro e máis. Imenso. Donde o mar rompe nas pedras doe imenso. Alí e onde máis manca que non che son nin sequera un recordo.
Maria Lado

Entrevista em Várias Línguas à Poetisa Galega Maria Lado


".......O_Fartura proponnos outra vez un apaixóante proxecto de colaboración entre bitácoras na rede.
Como xa fixemos fai uns meses coa entrevista a Rafa Villar , onde Ines dende Beliscos pequenos, Moncho dende A Singradura da Relinga , e eu mesmo dende esta bitácora; entrevistamos e logo o publicamos nas nosas paxinas conxuntamente.
Agora Moncho propón entrevistar á María Lado, autora de Berlín.
Nesta ocasión queremos ser un chisco mais ambiciosos e diversificar as linguas e os lugares de onde proveñan as preguntas que se lle han facer a María Lado.
Dende Catalunya a Portugal e dende Cantabria hasta Galicia plantexaremos as nosas preguntas e envorcaremos a nosa curiosidade e a dos que leedes as nosas bitácoras en varias das linguas oficiais da península.
Esta é a lista dos que participaremos , pero isto non é unha lista pechada. Se ti queres aportar tamén as túas preguntas , fáinolo saber e incluirémoste na iniciativa.
1-Joan Sol de El Mar ès el Camí.(Catalán)
Que ten traducido coa autorización da autora un poema ao catalán. O poema poderiamos publicalo nos nosos blogs a modo de antesala da entrevista.
2-Mar de Una Mirada a la Ría de Vigo(Castelán):
Expresou a súa intención de participar na entrevista mediante comment.
3-Manuel de Homes de Pedra en Barcos de Pau(Galego):
A Noemí de El Observatorio de la Noé (Castelán) , envieille esta tarde unha invitación e espero que xunte tamén . Se finalmente se incorpora xa informaríamos
4- Marieke de Ponto de Encontro (Portugués)
5-Moncho de Singradura da Relinga (Galego)
6- Inés de Beliscos Pequenos (Galego)


Post colocado por Manuel do blogue....Homes de pedra en Barcos de Pau

sábado, 10 de maio de 2008

Barcos também são poesia


Aqui uma foto do veleiro mais lindo do Universo...quiçá de Aveiro...ehehheheh..Ele está neste momento a galgar ondas e a lutar contra ventosgas desde a Pobra do Caramiñal na Galiza. Vem a caminho de Aveiro...Bons Ventos o tragam!!!!!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fundamental...Museu Marítimo da minha Terra

O museu marítimo de Ilhavo tem programadas até Setembro de 2008 actividades de muita qualidade das quais deixo só este cheirinho...venham a Ílhavo..visitem...

Rostos da Pesca...Exposição de Fotografia Desenho e Pintura



O Destino do Peixe -exposição de fotografia


E finalmente o lançamento do livro dia 18 de Maio.........Portugal no Mar

sábado, 3 de maio de 2008

O rosto de Maio de 68........40 anos depois


"....Em Maio de 1968 a revolução encabeçada por homens precisava de um rostro feminino, nenhum outro ficou na memória como o de Caroline de Bendern. Ela foi capa de revista em todo o mundo, e ainda hoje é o mais belo poster da revolta parisiense.
Curiosamente, Caroline não passava de uma figurante. Não era francesa, nem estudante, nem trabalhadora, nem especialmente politizada. E (não se choquem) fez pose. Em Maio de 1968, Caroline tinha 27 anos. Inglesa, era neta do Conde de Bendern, e uma neta problemática. Andou por várias escolas internas inglesas, de onde foi sendo expulsa, depois mandaram-na para Viena, onde se meteu na boémia, e acabaram por lhe cortar a mesada. Então foi para Paris e Nova Iorque, e trabalhou como modelo. Caroline era uma rapariga do seu tempo, e dizia aquelas coisas vagas contra "a sociedade" e a favor da "mudança". À Normandie Magazine confessou em 1997: "Estava-me nas tintas para a política francesa, porque estava preocupada com a humanidade inteira." Nada mais inócuo do que estar preocupado com toda a humanidade.
Como é que esta jovem mulher se torna a Joana d"Arc do Maio vermelho? Ela ia no meio da multidão que marchava em direcção à Bastilha (os símbolos, os símbolos) e já lhe doíam os pés (é o que ela conta). Então alguém lhe pede que salte para os ombros de um rapaz e segure uma bandeira. A boleia era bem vinda. A questão da bandeira parecia mais complicada: "Não queria nem a bandeira vermelha - por causa dos comunistas que sabotavam o movimento - nem a bandeira negra, porque não sabia nada dos anarquistas. Mas a bandeira vietnamita convinha-me como símbolo de uma guerra que toda a juventude denunciava. De repente, sinto várias objectivas fixadas em mim." Nada a que uma modelo não esteja habituada: "Então tive como que um reflexo profissional. Instintivamente, endireitei-me, o meu rosto torna-se mais grave, os meus gestos mais solenes. Quis a todo o custo ser bela e dar uma representação daquele movimento à altura do momento.
Ela admite: "No fundo, fiz pose. E fui armadilhada por essa pose. Porque de repente emocionei-me: esta multidão que se junta, justa, ardente, luminosa, com todas aquelas bandeiras, e este símbolo tão pesado na minha mão. Torno-me exactamente o que tento parecer. Já não represento nenhum papel, estou mergulhada no movimento e no instante, e consciente, eu que sou uma aristocrata inglesa, de uma responsabilidade." O avô conde, como é próprio dos avós condes, não se comoveu nada com as multidões ardentes: rasgou o testamento e disse à neta que não lhe aparecesse mais à frente. Caroline trocou a aristocracia do título pela aristocracia da celebridade, e convenhamos que há "armadilhas" mais graves. Hoje, diz que nunca se arrependeu do Maio. Quando muito, digo eu, está arrependida de não ter pedido royalties......"
[Público, 3 de Maio de 2005]

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Arte continua no Ponto de Encontro

Filomena Moretti é uma virtuosa "tocadora" de guitarra que muito admiro..parece espanhola ...mas não é..nasceu em Itália e é considerada a maior entre as maiores...não falando claro de André Segóvia..mas esse...é um caso único...Aqui partilho com todos ..esta Obra Maravilhosa de Alberniz e que tem o nome ...Astúrias...ouçam e deliciem-se.