segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Fado Português



O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

José Régio

(Sugestão poética do professor Fernando Martins no seu blogue....Pela Positiva)

7º Aniversário do Navio Museu Santo André


Navio-Museu Santo André 7.º Aniversário (60 anos do navio)
Agosto de 2008

Os homens do mar crêem que os navios - os navios que foram os seus, em especial - têm vida e caprichos, afectos e humores. A vivificação do Santo André, consumada há sete anos atrás com a transformação do velho arrastão em navio-museu, trouxe às memórias da pesca do bacalhau um extraordinário suporte patrimonial. Antes de ser museu, porém, o Santo André foi um navio de pesca semelhante a outros. Um arrastão bacalhoeiro “lateral”, construído na Holanda, em 1948. Ao tempo, era um navio moderno, bem apetrechado de máquinas e equipamentos de pesca. Dado o destino cultural que o Santo André acabou por ter, importa partilhar com o público a sua longa vida de mar, as suas memórias vividas e experimentadas. É esse o sentido principal do programa que se propõe.

Álvaro Garrido
Director do Museu Marítimo de Ílhavo

domingo, 24 de agosto de 2008

Praia no Jardim Oudinot inaugurada há 14 dias está cheia de lixo



(....A nova praia fluvial do Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, inaugurada a 10 deste mês, já causa reacções de desagrado da parte dos utentes. O município presidido por Ribau Esteves assume que são necessárias melhorias no novo equipamento.

"A areia não é, de facto, muito branquinha", queixa-se Milu, uma avó residente na cidade portuária, que resolveu passar naquela zona balnear algumas horas da manhã fazendo companhia à filha e netos que não resistiram a molhar os pés, apesar das dúvidas. Algo a que João Cândido nem se atreve. Este morador queixa-se da "falta de qualidade" da água. "Ali não tomo banho, aquilo é só lixo", garante, mostrando insatisfação com o resultado de uma das intervenções emblemáticas do parque de lazer que foi dotado ainda de um ancoradouro e amplo parque de estacionamento.

O entulho acumula-se no fundo da antiga praia "dos Tesos", como sempre foi conhecida entre os residentes, tornando também impossível a navegação nos esteiros com a maré baixa.

"O lodo vai tomar conta daquilo tudo se nada for feito antes", vaticina o mesmo cidadão que deixou igual "aviso" ao próprio presidente da câmara aquando da inauguração das obras de requalificação do Jardim Oudinot, num investimento de três milhões de euros, junto ao Porto de Aveiro.

Desvalorizando as críticas, o autarca de Ílhavo, Ribau Esteves, admitiu já que será necessário proceder "à limpeza" da água e da areia. "Começámos há alguns meses a monitorizar a qualidade ambiental. É uma praia excelente, tem as melhores condições naturais. Não é o olho de um cidadão que decide isso", contrapõe. Obtida a classificação "formal" como praia fluvial junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro, a autarquia avançará com a candidatura para a obtenção da bandeira azul......)
Fonte : Diário de Notícias

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Medalha de Ouro no Triplo Salto-Pequim 2008

Como se passa rapidamente de BESTAS A BESTIAIS-Sem comentários


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

NOVA E MERECIDA HOMENAGEM AO CAPITÂO FRANCISCO MARQUES

No próximo dia 22 de Agosto, pelas 18 horas e 30 minutos, a bordo do Navio Museu Santo André, vai realizar-se mais uma justa e merecida homenagem ao Ilustre Ilhavense Capitão Francisco Marques, com a projecção do filme "A FAINA MAIOR DO CAPITÃO FRANCISCO MARQUES "



O capitão da Marinha Mercante Francisco Correia Marques, foi o último comandante do lugre Creoula em campanhas de pesca do bacalhau.
Natural de Ílhavo, onde nasceu em 1930, termina em 1949 o seu curso de pilotagem e, em 1953 é já comandante do lugre Adélia Maria, tornando-se no mais jovem capitão da frota do bacalhau. Depois de mais de 28 anos de mar, fez a sua última viagem em 1989.
Regressado à sua terra natal começa a trabalhar no Grupo de Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo, recolhendo e catalogando um vasto espólio, de que resultaria a exposição Faina Maior. Em 1996 escreve, em parceria com Ana Maria Lopes, o livro “Faina Maior, a Pesca do Bacalhau nos Bancos da Terra Nova”. Em 1998 embarca de novo no Creoula, agora como Director de Treino dos jovens portugueses e canadianos durante o projecto “De Novo na Terra Nova” organizado pelos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo.



De 1999 a 2002 é Director do Museu Marítimo de Ílhavo onde dirigiu os trabalhos de transferência do Museu para as suas actuais instalações e da adequação do seu discurso museológico. Ali projectou e executou a réplica de um iate bacalhoeiro, em tamanho natural, que é hoje o principal ícone da exposição permanente daquele museu, numa sala que ostenta hoje o seu nome.
Sempre ligado às coisas do mar eram frequentes as suas visitas à Capitania do Porto de Aveiro e ao Arquivo Central da Marinha em busca de elementos para as suas pesquisas. Participa também, em 2001, no I congresso Internacional da História da Pesca do Bacalhau e escreve Creoula – A Pesca do Bacalhau no Crepúsculo da Navegação à Vela.




Em 2002 é entronizado como confrade da Confraria Gastronómica do Bacalhau e, deixada a direcção do Museu, volta aos corpos sociais do Grupo de Amigos do Museu.
Desenvolve então intensa actividade de investigação e divulgação sobre tudo o que respeita à pesca do bacalhau, participando em vários encontros, entrevistas, colóquios e conferências em instituições científicas ou estabelecimentos de ensino.



A amizade com O Sr Capitão com a Dona Zerinhas com a filha Rosário é algo que guardo só para mim.

sábado, 16 de agosto de 2008

Fotografia sobre memórias da pesca do bacalhau


Porões da Memória
NO MUSEU MARÍTIMO DE ILHAVO está patente ao público na sequência do lançamento do livro "MEMÓRIAS DE UM PESCADOR" uma exposição de fotografia subordinada ao tema NOS PORÕES DA MEMÓRIA.
A memória das grandes sagas do trabalho no mar só serão menos frágeis e mais plurais se as suas narrativas partilhadas no espaço público se alimentarem de testemunhos subjectivos e visuais.
As fotografias obtidas nos interstícios das fainas do bacalhau, ora destinadas ao acto íntimo de recordar, ora vertidas em longos álbuns compostos com uma certa intenção documental, confirmam a natureza fortemente visual das culturas marítimas.
Muitos foram os tripulantes das frotas bacalhoeiras que se deram ao gosto de fazer fotografias do estranho mas belo mundo em que se moviam. Não poucos "oficiais" e alguns pescadores fotografavam em silêncio, quais actores efémeros de uma vida que sabiam extraordinária e condenada aos rituais da recordação, ao arquivo nos "porões da memória"...
Esta exposição reúne três conjuntos de fotografias propositadamente diversos: um capitão, um piloto e um enfermeiro partilham imagens de sua própria autoria, fragmentos de uma vida cruel que ainda assim recordam com saudade!

Álvaro Garrido
Director do Museu Marítimo de Ílhavo

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

POEMA «MOLICEIROS»

Vão no longe moliceiros
De asas brancas, a voar,
Ao vento, leves, ligeiros,
Por sobre a ria a singrar.
Vão no longe moliceiros
De grandes velas a arfar.

Andam na faina do dia,
Desde a manhã ao sol-pôr.
Buscam nas águas da ria,
— O moliço, verde cor.
Andam na faina do dia,
Colorido, encantador.





Vogam num lago de prata,
Circundado de cristal,
Qual sonho de serenata
Numa noite sensual!
Vogam num lago de prata
Sob o céu celestial.

Cortam as ondas de espuma
Pelas águas a boiar,
E essas vagas, uma a uma,
Vão mais longe desmaiar.
Cortam as ondas de espuma





Erguidas na preia-mar.
Parecem os bandos de aves,
Que no céu vão a subir,
E depois voltam, suaves,
Muito leves, a cair.
Parecem os bandos de aves,
A luz do sol a fugir.

Descrevem curvas serenas,
Como talhada magia,
Umas maiores, mais pequenas,
Duma estranha bizarria.
Descrevem curvas serenas
Nas transparências da ria.







As proas são rendilhadas
por coloridas pinturas,
Com frases adequadas
As populares formosuras.
As proas são rendilhadas,
São ornadas de figuras.

Vão no longe moliceiros,
De asas brancas a voar...
Singram na ria altaneiros,
A luz do sol, ao luar,
Vão no longe moliceiros,
— Majestoso deslizar!


Poema: Amadeu de Sousa (in Colectânea Poética)
Fotos:Pedro Ribau