quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mar de Poesias até 16 de Novembro-Dia do Mar-Parte III




Navio naufragado

Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.

É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.

Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.

E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.

Sophia de Mello Breyner Andresen

2 comentários:

almagrande disse...

Excelente tríptico, e grande música.

Marieke disse...

obrigada almagrande....a música faz parte do repertório do músico e poeta basco fetiche da minha juventude
Um abraço
Marieke