sábado, 11 de outubro de 2008
Nobel da Paz 2008
O antigo presidente finlandês Martti Ahtisaari foi o laureado com o Prémio Nobel da Paz de 2008 premiando as suas numerosas mediações de paz em vários pontos do globo nos últimos 30 anos.
O antigo chefe de Estado agradeceu a distinção com que foi distinguido e em declaração a uma rádio finlandesa realçou o seu papel nas mediações de paz na Namíbia.
Em resposta à questão de qual teria sido, na sua opinião, o seu maior sucesso, esclareceu que "naturalmente a Namíbia foi em absoluto o mais importante porque demorou muito tempo" a conseguir atingir a independência daquele país africano.
“Esses esforços contribuíram para um mundo mais pacífico e para a fraternidade entre as nações no espírito de Alfred Nobel”. Foi assim que Ole Danbolt Mjoes, presidente do comité Nobel norueguês justificou a atribuição do prémio a Ahtisaari.
“Hoje, Martti Ahtisaari é um notável mediador de paz internacional”, acrescentou. “Através dos seus esforços e pelos resultados obtidos, ele demonstrou o papel que as diferentes espécies de mediações podem ter na resolução de conflitos internacionais”, explicou.
Escolhido entre 197 personalidades e organizações, Ahtissari recebe o medalhão, um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas – cerca de um milhão de euros –, em cerimónia a realizar em Oslo no próximo dia 10 de Dezembro.
Nota:
Com a mala às costas desde criança
Martti Ahtisaari nasceu em Viipuri, actualmente Viborg, na Rússia, em 23 de Junho de 1937 quando o seu pai, Oiva Ahtissari aí prestava serviço militar. O avô de Oiva tinha imigrado da Noruega para a Finlândia nacionalizou-se finlandês em 1929 mudando o seu apelido para Adolfsen in 1935.
A Guerra entre a Rússia e a Finlândia apanhou o pai de Martti como mecânico nas forças armadas e a sua mãe Tyyne mudou-se para Kuopio com o seu filho para fugir à guerra.
Foi em Kuopio que Martti Ahtissari passou grande parte da sua juventude e onde pela primeira vez frequentou a escola.
Depois acompanhou seu pai em várias mudanças ao longo da vida deste último, passando por Oulu, Carachi no Paquistão, e finalmente regressou a Helsínquia em 1963.
Uma série de sucessos e um desaire
Com 71 anos, Martti Ahtissari deu a volta ao planeta ao serviço da paz, nomeadamente liderando a Iniciativa de Gestão de Crises, uma Organização Não Governamental (ONG) fundada no ano de 2000.
Um dos seus grandes sucessos foi o acordo de paz assinado no ano de 2005 entre o Governo indonésio e os ex-rebeldes independentistas do ACEH livre (GAM), conseguindo pôr fim a um conflito que fez perto de 15 mil mortos desde 1976.
O acordo levou à deposição das armas pelo GAM e à retirada do grosso das tropas governamentais que estavam estacionadas na província indonésia.
A sua acção estendeu-se por áreas tão diversas como o Médio Oriente, o Cáucaso, o Iraque, o Afeganistão, o Sri Lanka ou a Birmânia.
Na sua longa carreira recheada de sucessos, Ahtisaari teve, no entanto, um importante revés. Os seus esforços de mediação para resolver o conflito no Kosovo falharam rotundamente.
Enviado especial da ONU tentou entre Novembro de 2005 e Março de 2007 pôr fim ao conflito que se desenrolava no Kosovo.
Esta região povoada por uma maioria albanesa, declarou unilateralmente a independência da Sérvia em 17 de Fevereiro deste ano.
Cerca de 50 países reconheceram já o novo Estado, entre os quais vários da União Europeia – Portugal anunciou esta quarta-feira a intenção do Governo português reconhecer o novo estado –, mas nem a Sérvia nem a Rússia o fizeram ainda.
Uma longa e preenchida carreira
Para além do acordo no Aceh, o laureado com o prémio Nobel da Paz é reconhecido por uma longa carreira.
Professor de formação, foi Presidente da República da Finlândia no período compreendido entre 1994 e 2000.
No campo das mediações, Ahtisaari teve em 1990 um papel determinante no processo de transição pacífica para a independência da Namíbia.
Anos mais tarde, desempenha uma acção fundamental no processo que conduziu ao cessar dos bombardeamentos da Nato contra a Jugoslávia de Slobodan Milosevic, que actualmente responde perante o Tribunal Penal Internacional.
Em 2000, supervisiona o desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA) na Irlanda do Norte.
Seis anos depois organiza as conversações de paz entre iraquianos sunitas e xiitas lançando pontes entre as duas comunidades.
Fonte :RTP
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