terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ponto de Encontro e curiosidade Histórica


D. Afonso Henriques pode ter origens no concelho de Sever do Vouga, distrito de AVEIRO
O nono centenário do nascimento do nosso primeiro rei assinala-se este ano. D. Afonso Henriques pode ter tido as suas origens no lugar da Senhorinha, no concelho severense
Assinala-se este ano (desconhece-se o mês e o dia) o nono centenário do nascimento do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, que, curiosamente, pode ter tido as suas origens em Sever do Vouga, mais concretamente no lugar da Senhorinha.
São apontados vários locais como berço do seu nascimento. Terá o rei “Conquistador” nascido em Guimarães? Ou em Viseu? Ou em Ribadouro, concelho de Baião? Ou mesmo em Coimbra?
O principal argumento em favor de Guimarães fundamenta-se no peso da tradição, que defende que D. Afonso I nasceu nesta cidade e foi baptizado na pequena capela existente perto do castelo. Porém, está provado documentalmente que esta capela não é do tempo do nosso rei fundador, mas bastante posterior.
Viseu, desde que o conceituado historiador local Almeida Fernandes e o emérito professor José Mattoso apresentaram uma tese que considera D. Afonso Henriques como natural daquela cidade, orgulha-se de tal facto e, neste ano de 2009, nos 900 anos do nascimento do rei “Conquistador”, reivindica para si a erecção de uma sua estátua. O referido historiador viseense argumenta, entre o mais, que D. Teresa estaria nas “Caldas de Lafões” (hoje, Termas de S. Pedro do Sul) – o nosso primeiro rei também as frequentou, na tentativa de cura de ferimentos motivados pela queda de um cavalo e onde mandou construir uma piscina, a “piscina de D. Afonso Henriques – e que, numa deslocação a Viseu de D. Teresa, chegou a hora de nascer o seu filho, futuro D. Afonso I. Uma certeza: o grande historiador Alexandre Herculano informa que D. Teresa, na sua ida para aquelas termas, pernoitou num pequeno mosteiro existente em Cedrim, então Cedarim.
Quanto a poder ser Ribadouro a terra natal do nosso primeiro rei, tal facto assenta na circunstância, defendida por alguns conceituados historiadores, de Afonso Henriques ter nascido com as pernas aleijadas, debilidade que era contrária aos interesses dos fidalgos portucalenses, ciosos de tornar o condado independente, para tal sendo necessário um rei saudável e fisicamente forte. Para ultrapassar a debilidade do menino, este teria sido substituído por outro, que seria filho do seu “aio”, D. Egas Moniz, a quem fora atribuída a sua “criação” até aos cinco anos. Daí se dizer que o rei teria nascido em Ribadouro, onde vivia Egas Moniz, que era patrono de vários mosteiros na região, entre eles Alpendurada e Paço de Sousa.

Origens em
Sever do Vouga
A darmos crédito à tese de o nosso primeiro rei ser filho de D. Egas Moniz, D. Afonso Henriques poderia ter tido origens em Sever do Vouga, concretamente na família dos Figueiredos do Paço da Vala, no lugar da Senhorinha.
Isto porque, o padre Alfredo Júlio Soares P. Coutinho Almas, num pequeno livro de 29 páginas, intitulado “Figueiredos e Terras de Santa Maria”, editado em 1930, escreve, na página 18, que o 22.o titular da família do Paço da Vala foi D. Ermígio Muniz de Figueiredo, que se notabilizou – diz o padre Almas – nas guerras travadas com D. Teresa, na luta pela independência do Condado Portucalense, incluindo na famosa batalha de S. Mamede.
E como este Ermígio Muniz de Figueiredo, segundo o padre Almas, no mesmo livro, muitos outros fidalgos da mesma família Figueiredo da Senhorinha cometeram importantes actos heróicos, como por exemplo “Gil Eanes Pacheco Pereira de Figueiredo, que dobrou o Cabo Bojador”; “D. Duarte Pacheco Pereira de Figueiredo: foi-lhe atribuída a descoberta do Brasil e não a Pedro Álvares Cabral”; e tantos outros “heróis”…
A Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura refere, na coluna 1.211 do volume 13, que “desde o princípio do século XI, Egas Moniz e seus irmãos Ermígio e Mendo figuram na corte do conde D. Henrique”. E, na coluna 1.212 do mesmo volume 13, escreve que D. Afonso Henriques o nomeou “a ele (Egas Moniz) e a Ermígio Moniz seus primeiros mordomos” (chefes dos criados do soberano).
Só que o Ermígio citado pelo padre Almas era, além de Moniz, também de Figueiredo: “D. Ermígio Moniz de Figueiredo”. Seriam uma só e a mesma pessoa?
Ora, sendo Ermígio Moniz irmão do “aio” Egas Moniz, os seus pais seriam, naturalmente, os mesmos de D. Afonso Henriques, a ser filho de Egas Moniz, seria, também ele, descendente da família senhorial do Paço da Vala, na Senhorinha.
E, a considerar-se fidedigna a legenda que os dois brasões do Paço da Vala apresentam à sua volta (excepto na parte superior), onde está escrito “Non nos a sanguine regum venimus at nostro veniunt a sanguine reges”, palavras que, traduzidas à letra, significam: “Nós não viemos do sangue dos reis, mas do nosso sangue vêm os reis”, que o mesmo é dizer que “nós (a família Figueiredo) não derivamos do sangue dos reis, mas os reis é que vêm (provêm, são descendentes) do nosso sangue”.

3 comentários:

João Manuel Rodrigues disse...

Entretanto o gajo bate na mãe e foge para o Algarve.

João

José Leite disse...

Parabéns por tão ilustre criatura ter nascido nessa zona tão rica de tradições.

Será que foi memso?!

CELTA MORGANA disse...

Pelo "bigode" do gajo, vê-se mesmo que é de Sever do Vouga. Rocas do Vouga no máximo.