quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Joana Gramata ou Joana Maluca.....A História...




















A Gafanha da Gramata , ou Gafanha da Maluca, só em 1848 começou a designar-se de Gafanha da Encarnação , por naquele ano a Joana maluca e o seu segundo marido terem mandado construir a primeira capela deste lugar , dedicada a Nossa Senhora da Encarnação.
A designação de "Gramata" adveio do nome de uma planta marinha abundante na zona. A actual Gafanha da Encarnação tomou então aquele nome, não só pela existência da tal planta , mas pela necessidade de a distinguir da já existente Gafanha da Cale (Canal) da Vila (Aveiro), que se tornaria a Gafanha da Nazaré. Erradamente, chegou a supor-se que o nome de Gramat viria de Joana gramata, mas de facto foi contrário, Joana rosa de Jesus é que tomou o nome popular de joana Gramata.
Acontece que Joana Rosa de Jesus, ou Joana Gramata, também era conhecida por Joana Maluca, devido ao seu casamento com josé Domingos da Graça, a quem por alcunha chamavam "o Maluco". A esposa ganhou a alcunha do marido. Ao morrer, em 1878, com 90 anos de idade, deixou nove filhos e 66 netos. E como diz o Pe. João Vieira de Resende na sua "Monografia da Gafanha", "é claro que uma geração tão numerosa e florescente, entroncada numa idade tão provecta, e a quem ela assistia como senhora e rainha, deu-lhe o direito de crismar a sua povoação, a Gafanha da gramata, com a alcunha que ela tinha recebido do seu marido. Era de justiça o "privilégio", que os lugares circunvizinhos lhe concederam. Aparecer num local mal povoado uma macróbia, chefiando um povo de 66 netos, dava direito a uma consagração que ficasse marcando nas gerações futuras.
E a cantar passava a sua longa vida, prestando-se a receber visitas de representação e dos fidalgos, a quem concedia palestras quotidianas, que se prolongavam até ao declinar esplendoroso do sol por detrás dos palheiros da Costa Nova, nas piscosas e mornas tardes de Agosto e Setembro. E a faina do mar também vinha emprestar colorido ao quadro em pose das entrevistas dos categorizados e primitivos frequentadores da praia com a velhinha da Gafanha. Era e4ncantador e suave o declinar da vida desta nonagenária que, gulosamente, até ao último suapiro, ia fumando charutos sobre charutos sem queimar as barbas. Mas aquele role gigantesco, aquele arcabouço forte, também devia tombar. Estava a soar a hora da partida que, porventura, a surpreendeu num momento em que ela mnos desejaria (sem sacramentos)", relata estilisticamente, Vieira de Resende.
Como a igreja paroquial de Vagos ficasse longe e a única capela de toda a Gafanha, ainda que por mais acessível não oferecia grande comodidade de deslocação, Joana Maluca fez surgir uma capela na sua horta, que dedicou a Nossa Senhora da Encarnação. Desde essa altura que ficou como que construída uma nova povoação - a povoação da Gafanha da Encarnação.
A consequência da criação desta capela foi deslaçar o vínculo que unia todos os habitantes da Gafanha para criar nos povos da periferia das capelas da Nazaré e da Encarnação um espírito bairrista. O que terá trazido vantagens, como refere o Pe. João Vieira de Resende quando diz que: "Este separatismo veio a ser um regular propulsor para despertar a emulação entre os povos separados, estimulando as suas energias, ou vitalizando os seus empreendimentos (...)", mas que nem por isso deixa de lamentar que, "(...) teve porém a desvantagem de amolecer, resfriar os laços que prendiam e mantinham estes povos num intercâmbio lindo, invejável, das primitivas comunidades cristãs. Ali se mantinham os costumes e as características dos povos patriarcas".
Fonte: JFGE