terça-feira, 17 de agosto de 2010

Festival do Bacalhau em Ilhavo














Mais de dez toneladas de bacalhau e derivados do "fiel amigo" vão ser consumidos no Festival do Bacalhau, iniciativa conjunta da Câmara de Ílhavo e da Confraria Gastronómica do Bacalhau que, de hoje até domingo, vai decorrer no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré (Ílhavo).

João da Madalena, grão-mestre da Confraria do Bacalhau, disse ao JN que o evento que se realiza há já 11 anos e terá a presença de nove tasquinhas de associações ilhavenses que vão apresentar dezenas de pratos gastronómicos, desde o tradicional bacalhau cozido com batatas até aos não menos famosos bolinhos de bacalhau, passando pela feijoada de samos (buchos) ou as línguas de bacalhau.

“As nove associações já requisitaram cinco toneladas de bacalhau”, lembrou João da Madalena, frisando que com o decorrer do certame mais “bacalhau e derivados serão pedidos”.

O certame conta ainda com a presença de duas padeiras de Vale de Ílhavo, duas empresas de vinhos da Bairrada e um pavilhão dos industriais do bacalhau. Tem ainda uma mostra de artesanato e um programa de concertos, hoje, com o grupo Deolinda, amanhã, com os Expensive Soul. OS GNR, Marco Paulo e Ana Moura actuarão sexta, sábado e domingo, respectivamente
Fonte: JN

Exposição no Museu Marítimo de Ílhavo....Nos Porões da Memória IV












Nos Porões da Memória IV fotografias de Bodo Ulrich, a bordo do Anton Dohrn

Em Agosto de 1957, o Anton Dohrn, um sofisticado navio de pesquisa de pescas da República Federal Alemã, deparou-se com alguns bacalhoeiros portugueses nas águas do Atlântico Noroeste. Devidamente autorizados, dois cientistas alemães foram a bordo do lugre Adélia Maria a fim de observar e registar os processos de pesca do bacalhau usados pelos portugueses e outros aspectos do trabalho a bordo, do convés ao porão. As fotografias de Bodo Ulrich, algumas delas tiradas do topo dos mastros, pouco informam sobre a agenda científica dos alemães. A julgar pela estética e pelo modo serial como as imagens registam o trabalho humano dos míticos pescadores lusos, o álbum que chegou até nós mais se parece a um documentário etnográfico sobre processos de pesca visivelmente artesanais, obsoletos e insólitos, ainda assim muito belos dado o arcaísmo dos navios e dos próprios homens. O relato em imagens do encontro do Anton Dohrn com o Adélia Maria permite questionar o sentido eminentemente “nacional” da memória da pesca do bacalhau por homens e navios portugueses, intenção que orienta o projecto expositivo Nos Porões da Memória, que agora conhece a sua quarta série. Nos anos cinquenta, os bacalhoeiros portugueses já se tinham tornado uma lenda internacional, que interessava muitos olhares estrangeiros. Mesmo o dos cientistas de países que tinham recursos financeiros e visão política para apoiar a indústria da pesca através da investigação experimental de técnicas que permitissem conjugar o alto rendimento das empresas com a sustentabilidade de exploração dos recursos. Construído em Cuxhaven em 1957, localidade do norte da Alemanha para onde haviam de emigrar muitos ilhavenses, a missão específica e “aplicada” do Anton Dohrn acabou por nos legar uma memória surpreendente da “grande pesca nacional”. Aparentemente ingénuo e parecido com tantos outros álbuns fotográficos de lugres portugueses, o trabalho que aqui se expõe antecipa o grande diálogo que hoje se pede à indústria de pescas: a coabitação de pescadores, armadores e cientistas num único sistema tecnológico de exploração económica dos recursos do mar.

Fonte:MMI