segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Miguel Torga em Aveiro



"....Costa Nova, 19 de Agosto de 1944 - Vou de barco, a ler a descrição de Eugénio de Castro. Um companheiro, ao lado, explica a outros o açoreamento da Ria, e eu, na carta, sigo o assoreamento das consciencias. A água está calma, o barco segue de vela enfunada, e as Gafanhas, iluminadas por uma luz que parece só as querer a elas, são uma longa fila alegre de suor lavado.
- Resta-me a consolação de que por mais abandonado que isso seja, durante a minha vida não secará - geme o meu amigo, que é escultor e gaivota daqui, apaixonada e branca.
- Valeu a esta desgraça a voz ocasional doutro Poeta, que disse uma palvra ao morto, a mostrar-lhe a paisagem que duas janelas do depósito deixavam ver ao longe - informa a missiva.
E com a magra certeza de que nem a Ria seca por nestes cinquenta anos, nem os montes faltarão nunca ao enterro de quem os canta, o barco virou de rumo e tristemente regressou ao cais...."
Fontes:Blogue Aveiro;Diários Volumes III e IV

5 comentários:

  1. Belo texto, bela escolha.E a fotografia de baixo ficou excelente.Parabéns à autora.

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  2. Obrigada almagrande..também adoro esta fotodas casas no canal ao pé do mercado...
    Um abraço
    Marieke

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  3. como é que é, já tás bem da vista, diz alguma coisa.

    João

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  4. OLá João
    Obrigada pelo teu cuidado.
    Já tou boa..chamam-me agora ..a Maria dos Milagres ehehehehheh
    A lesão no nervo óptico..desapareceu..tou fixe
    Já sei que estiveste por cá..nesse dia não deu pra ir aí comer...fica para a próxima...dá notícias
    Um abraço

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  5. Sempre me intrigou o porquê da escolha do nome Miguel Torga para pseudónimo ... Gosto muito!

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